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Catorze crianças morrem em UTI de hospital público de Rondônia

Relatório aponta irregularidades na UTI pediátrica do maior hospital público de Porto Velho - Josi Gonçalves/UOL
Relatório aponta irregularidades na UTI pediátrica do maior hospital público de Porto Velho Imagem: Josi Gonçalves/UOL

Josi Gonçalves

Do UOL, em Porto Velho

15/10/2013 16h15

Um relatório de fiscalização indica que 14 de um total de 16 crianças que estavam internadas na única UTI pediátrica do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, o maior hospital público de Porto Velho (RO), morreram nos últimos 30 dias em decorrência das condições insalubres do local, falta de medicamentos e bactérias resistentes a medicamentos (superbactérias).

A denúncia é resultado de uma inspeção realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e pelo Ministério Público na Unidade de Terapia Intensiva. O relatório, publicado no último dia 9 no Diário Oficial do Estado, aponta diversas irregularidades.

  • Relatório diz que 14 de um total de 16 crianças que estavam internadas na única UTI morreram nos últimos 30 dias em decorrência das condições insalubres do local, falta de remédios e bactérias multirresistentes

"Ao que parece, essa trágica combinação tem elevado o risco de morte dos internos a patamares alarmantes", disse o relator do processo, Paulo Curi Neto, conselheiro do TCE.

A Secretaria de Saúde de Rondônia inicialmente negou risco de contaminação dos internos por superbactéria, mas depois admitiu o fato.

Em nota oficial, a secretaria afirma que "no mês de setembro, três crianças deram entrada na UTI pediátrica no Hospital de Base com uma bactéria multirresistente e que medidas foram tomadas como o caso requer". A Agência Estadual de Vigilância em Saúde teria sido comunicada.

Sobre a falta de medicamentos, o secretário de Saúde Williames Pimentel admitiu em entrevista coletiva que "normalmente em um hospital de 600 leitos, numa relação de 700 itens, sempre falta algum medicamento, seja por falhas na compra ou por processo de fornecedores que não entregam". No entanto, Pimentel argumentou que não faltam antibióticos para as crianças hospitalizadas.

O TCE estabeleceu um prazo de 30 dias, a partir do último dia 8, para que a secretaria realize um plano de ação para resolver os gravíssimos problemas detectados na unidade, sem que haja a redução do número de leitos, dada a elevada demanda existente.

Por recomendação do TCE e do Ministério Público, a UTI pediátrica  foi removida para o Hospital Infantil Cosme e Damião, onde as crianças estão internadas provisoriamente em uma enfermaria.