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Pesquisa da USP mostra vantagem do laser sobre o 'motorzinho' contra cárie

Aplicação de laser em dente - a técnica ainda não possui autorização da Anvisa - Divulgação
Aplicação de laser em dente - a técnica ainda não possui autorização da Anvisa Imagem: Divulgação

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto

23/10/2013 07h00Atualizada em 23/04/2015 18h54

Uma pesquisa inédita da USP (Universidade de São Paulo) constatou resultados favoráveis no uso do laser na prevenção de cárie na raiz dos dentes, problema que atinge entre 40% e 60% da população adulta e pode levar à perda da dentição.

A aplicação do laser pode ser feita a intervalos de seis meses e, além de prevenir as cáries, reduz o nível de dor e o estresse associados ao tratamento convencional, que é feito com canetas de alta rotação, o temido “motorzinho” dos dentistas. É o que afirma Regina Guenka Palma-Dibb, 41, professora do departamento de odontologia restauradora do campus de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

A cárie de raiz, de acordo com a pesquisadora, acomete mais os adultos porque, com o passar dos anos, a gengiva diminui e deixa a raiz exposta. “Como a raiz não tem esmalte para se proteger, ela se torna suscetível à cárie”, afirma.

Outra vantagem da utilização do laser, segundo a professora, é que a evolução da cárie se dá de forma mais lenta, o que evita a necessidade de intervenção. Dependendo da extensão da lesão, os dentes atingidos precisam ser extraídos.

Apesar do benefício, o uso do laser ainda não é de uso corrente porque, segundo ela, precisa de autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além do registro, o serviço deve ter autorização da Vigilância Sanitária de onde estiver instalado.

Esmalte e dentina

A pesquisa também comparou os resultados do emprego do laser em cárie no esmalte e na dentina (região abaixo do esmalte que cobre a polpa dentária) em relação aos tratamentos tradicionais, feitos com flúor e selante, uma resina aplicada no esmalte. Os testes foram feitos em dentição de leite de cerca de 70 crianças.

Em lesões no esmalte, ou seja, na região mais superficial do dente, a conduta convencional é o uso de flúor, a cada três meses, ou a aplicação do selante, que requer manutenção permanente.

O laser, nesse caso, é usado num intervalo maior, de seis meses, e retarda a evolução de cáries, que reaparecem quando o selante apresenta microfissuras, decorrentes da mastigação. Essas irregularidades no esmalte favorecem o acúmulo de resíduos e, por tabela, o surgimento da cárie.

Quando a lesão do dente ultrapassa o esmalte e atinge a dentina, a vantagem do laser em relação ao uso de brocas é que, dependendo da profundidade, é dispensada a anestesia, o paciente sente menos dor e não há o ruído amedrontador dos “motorzinhos”. O laser, segundo a pesquisadora, emite um som semelhante ao do estalar de pipocas.

A pesquisa da USP, feita entre 2008 e 2012, sob a forma de um doutorado, teve por objetivo testar quatro equipamentos de laser, com diferentes comprimentos de onda, na prevenção da cárie. “A expectativa será encontrar um único laser capaz de, sozinho, apresentar as vantagens dos quatro”, relata Regina, que orientou o autor do trabalho, Cesar Lepri. A ideia, também, é avaliar o desempenho de equipamentos mais baratos, já que o pesquisado é muito caro.