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Cursos de beleza ajudam na recuperação de pacientes com câncer

Do UOL

Em São Paulo

13/11/2013 13h22

Para pacientes com câncer que lidam com o trauma físico e psicológico da doença, até olhar no espelho pode ser difícil. Quando a quimioterapia rouba o seu cabelo,  é comum a sensação de que uma parte de sua identidade desapareceu também.

Para diminuir esse impacto negativo, americanos criaram, há 25 anos, o programa "Look Good Feel Better" ("Melhore sua aparência e se sinta melhor", em tradução livre), com aulas gratuitas de maquiagem e cuidados com a pele. As pacientes recebem dicas para disfarçar a ausência de sobrancelha com lápis de olho e aprendem a usar lenços no lugar do cabelo.

É uma oportunidade para esteticistas compartilharem suas habilidades, para que as empresas doam produtos e para as pessoas com câncer melhorarem seu astral.

Nos EUA, mais de  700 mil mulheres já participaram do programa. A Argentina foi o primeiro país da América Latina a lançar os workwhops, em 1999 , e, desde então, o projeto já se expandiu para 100 locais em todo o país.

Para Mariela Steinberg , de 38 anos , o workshop fez toda a diferença. Ela teve várias cirurgias em uma luta de um ano contra o câncer de útero e de colo do útero. Ela conta que ficava chocada ao se olhar no espelho: "Você vê um rosto, mas não reconhece como sendo o seu. Mas agora eu posso dizer que, pouco a pouco, estou começando a se adaptar ", afirmou, em aula promovida no último dia 8. 

O câncer é a segunda principal causa de morte na Argentina, atrás apenas das doenças do coração.  A  taxa de mortalidade por câncer do país é a terceira maior na América Latina, depois de Cuba e Trinidad e Tobago, segundo a Organização Pan -Americana da Saúde.

Daiana Castro, uma cabeleireira de 23 anos de idade diagnosticada com câncer de ovário, ficou traumatizada de início. "Eu tinha um cabelo lindo, longo e vermelho, e quando ele caiu fiquei sem vontade de sair de casa por uma semana", conta. Depois de participar de uma das aulas no Hospital San Martin, na capital portenha, passou a se sentir melhor: "A maquiagem ajuda você a não se sentir para baixo"

Manter-se otimista ajuda a aumentar as chances de sobrevivência, segundo especialistas. Por isso, a psiquiatra oncologista Gabriela Ozco diz que o programa é parte fundamental de um tratamento que leve em conta a paciente como um todo.

"No começo , eles não querem olhar no espelho ", diz a psiquiatra. "É um dos primeiros sintomas que temos notado nas pacientes. E o fato é que, em tais oficinas, uma das primeiras coisas é levá-las a se olhar no espelho e pensar: ' Esta é quem eu sou '". A partir daí, tudo começa a melhorar.

(Com Associated Press)