Sempre que lembro de minha história, sinto-me uma vencedora

Por Tania Mary Gomez

  • Arquivo pessoal

    Assim que saiu do hospital, Tânia Gomez decidiu que se dedicaria à causa do câncer

    Assim que saiu do hospital, Tânia Gomez decidiu que se dedicaria à causa do câncer

Quando recebi o diagnóstico de câncer de mama, em fevereiro de 2001, precisei de um tempo para entender por que estava sendo a escolhida para ser mais uma guerreira na luta contra o câncer de mama. Com o tempo, consegui entender que a mim estava sendo atribuída uma missão que era de conscientizar a população sobre a importância do autocuidado e o alerta para o diagnóstico precoce. Que seria uma voz para as pacientes para que tenham o apoio no enfrentamento de suas dificuldades e uma voz para a população na conscientização em relação ao câncer.

No dia em que sai do hospital Erasto Gaertner, local que me acolheu com tanto carinho e humanidade, me posicionei na frente deste e assumi o compromisso de entrar nesta luta de peito aberto. Disposta a enfrentar todas as adversidades que surgissem, assim fiz e faço até hoje, 13 anos depois. Procuro passar minha experiência para que o câncer deixe de ser uma sentença de morte para milhões de pessoas no mundo e para mostrar que viver é uma possibilidade mesmo depois do câncer.

Com isto precisei ler, estudar, conversar sobre o assunto para me apropriar dos conhecimentos de como enfrentar e como ajudar as pessoas e também de como informar, pois não sou uma profissional da saúde e para isto precisei contar muitas vezes com o suporte do meu marido, que é oncologista, para que pudesse entender todo este novo universo.

Sou uma privilegiada. Em geral, aqui no Brasil, as mulheres costumam esperar cerca de seis meses entre o diagnóstico e o início do tratamento. Comigo não levou mais do que sete dias para que estivesse na mesa de operação... Hoje, faço palestras sempre que convidada, dirijo o Instituto Humanista de Desenvolvimento Social (HUMSOL) aqui no Paraná, que desenvolve projetos sociais com a ajuda de voluntários, e me dedico a criar fatos e produtos sociais capazes de alertar. Pessoalmente, considero ter a missão de contribuir para modificar a realidade brasileira, frente aos altos índices de mortalidade pelo câncer de mama.

Tudo isto requer tempo, dedicação e trabalho, mas garanto que vale a pena. Como educadora, durante um ano sonhei em criar algo que pudesse ser construído por cada mulher, servindo permanentemente de lembrete para ela manter sempre em dia sua mamografia e seus exames preventivos. E assim nasceu o "Chaveiro da Vida", reconhecido mundialmente na Polônia, em 2009, no Congresso Internacional de Pacientes, e que só tem me dado alegrias.

A ideia é simples: uma continha cor de rosa e pequena simbolizando os tumores curáveis. A outra, maiorzinha, significando o perigoso avanço do tumor e a grande mostrando os riscos da doença já avançada. Cada mulher vai prendendo as bolinhas e dando os nós. Enquanto isto, fixa a mensagem que queremos transmitir . E mais, pela utilidade, o chaveiro estará sempre perto dela, para não deixar que esqueça.

Além deste projeto, tenho a oportunidade de participar da Cia de Dança do Instituto HUMSOL, do projeto VITORIOSAS, fotos de mulheres que superaram o câncer de mama, participar de desfiles de moda, fazendo com que nossa autoestima a cada dia esteja mais elevada.

Mas, além destes, procuro exercer meu compromisso em favor de dificuldades que os pacientes enfrentam ao serem diagnosticados com o câncer, participando de discussões na elaboração de políticas públicas que venham contribuir  e amenizar com as pessoas acometidas pela doença.

No ano de 2013, participei em Cali, na Colômbia, como palestrante do Congresso Internacional de Oncologia Integrativa, onde tive a oportunidade de falar sobre a importância  da superação do Câncer, expondo sobre minha experiência pessoal no enfrentamento.

Mas, tudo que realizo e o sucesso que obtivemos em nossos projetos devo a uma equipe participativa  e comprometida dos membros do Instituto HUMSOL, e sempre agradeço por contar com pessoas tão maravilhosas.

Sempre que lembro de minha história, sinto-me uma vencedora e sei que sou mais feliz agora do que há treze anos, quando tudo começou.

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