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Vencer o câncer também significa saber conviver com a doença

Do UOL

Em São Paulo

08/04/2014 07h00

Descobrir um câncer não é fácil para ninguém. Mas, embora esse termo ainda carregue um peso difícil de ser suportado, encarar a doença como um mal crônico - como o diabetes, por exemplo - ajuda a enfrentar as fases mais difíceis do tratamento. E fazer o possível para manter as atividades diárias é algo que colabora com o sucesso da jornada.

Mesmo quando o câncer é mais agressivo, ou já houve metástase, o diagnóstico já não se traduz mais em sentença de morte. “Hoje há drogas mais seletivas e menos tóxicas que tornam possível sobreviver muitos anos, e com qualidade de vida”, afirma o onco-hematologista Celso Massumoto, autor do livro “Como Viver em Harmonia com o Câncer” (Ed. Cultrix).

O médico, que trabalha há 22 anos com oncologia, diz que decidiu escrever o livro por entender que vencer o câncer vai muito além do combate à doença. “Vencedor não é somente o paciente que fica curado, mas aquele que tem uma qualidade de vida adequada que lhe permite continuar realizando as suas atividades diárias com dignidade”, diz Massumoto.

No livro, ele descreve a história de uma paciente que foi capaz de lutar contra a doença com a mesma disposição com que administrava a empresa familiar. “Mesmo em situações difíceis, é preciso encarar o câncer como uma doença crônica”, explica. Continuar a trabalhar, na medida do possível, é importante e ajuda a manter a autoestima, acredita o médico. Cuidar da família, fazer coisas de que se gosta e estabelecer metas também são dicas que o médico traz no livro. 

Desabafar é importante

“É impressionante como o bom humor e a positividade são determinantes para alguns pacientes. Ter por perto pessoas que amamos é uma forma de dividir a carga emocional que a doença traz. Também é importante ter com quem desabafar e em quem confiar nas horas mais difíceis. Sempre digo também para os meus pacientes se manterem ativos e buscarem atividades prazerosas pois esses bons sentimentos são o complemento perfeito para as medicações e para a recuperação”, destaca Massumoto. 

“Descobri que estava com câncer de mama aos 28 anos de idade e recém casada. Imagina como foi difícil pensar que meu marido tão jovem teria que passar por isso. Mas, para minha surpresa um dia ele apareceu na porta do meu trabalho com a cabeça raspada e disse que seríamos um casal careca feliz. Depois, num momento de desespero ao saber que faria uma mastectomia radical ele me disse ‘prefiro você sem peito do que morta’, e foi com essa força que ele me deu que consegui enfrentar a doença", conta Michelle de Amo, hoje com 31 anos e totalmente recuperada da doença.