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Estudo mostra que vacina do HPV é útil para quem possui HIV

Donald G. Mcneil Junior

The New York Times

23/04/2014 18h25

A vacina contra o câncer cervical possui boa eficácia mesmo em mulheres sexualmente ativas portadoras do HIV, comprovou um novo estudo. Também ficou constatado que aquelas que já tiveram um ou dois tipos do vírus causador do câncer conseguem se proteger contra os outros tipos.

A descoberta é importante porque o câncer cervical revelou-se como a principal causa da mortalidade das mulheres jovens e de meia idade nos países pobres onde a AIDS é generalizada e há pouca capacidade de realizar os exames de rotina como o Papanicolau ou testes similares. Os cânceres parecem crescer mais cedo e mais rapidamente em mulheres imunodeprimidas.

O novo estudo, realizado com 319 mulheres no Brasil, na África do Sul e nos Estados Unidos, e publicado pela revista Clinical Infectious Diseases, descobriu que a maioria conseguia criar anticorpos para os quatro tipos de HPV com a vacina Gardasil mesmo quando já eram portadoras do HIV há anos.

Os céticos presumiam que isso não aconteceria, e argumentavam que vacinar essas mulheres seria um desperdício, declarou Erna Milunka Kojic, especialista em doenças infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade de Brown e autora principal do estudo. A maioria das vacinas não tem muita eficácia em pessoas imunodeprimidas porque os anticorpos são criados pelo sistema imunológico.

No ocidente, os pais são exortados a vacinar suas filhas antes de elas se tornarem sexualmente ativas.

"Vimos o processo de forma diferente", Kojic declarou. Segundo ela, as mulheres com HIV "são as que mais sofrem, sendo assim, se desse certo, elas seriam as mais beneficiadas".

Ela tinha razão. As mulheres infectadas com o HIV logo desenvolveram anticorpos em mais de 90 por cento dos casos. Mesmo as mulheres cuja infecção havia evoluído para a Aids desenvolveram anticorpos em mais de 75 por cento das vezes.

Também, as mulheres que já tiveram um ou mais dos quatro tipos de HPV da vacina Gardasil geralmente conseguiam desenvolver anticorpos para os outros. Dois tipos causam câncer cervical e anal, e os outros dois causam verrugas.