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Bebê Sofia terá de passar por seis transplantes nos EUA

O médico brasileiro Rodrigo Vianna ao lado da bebê SofiaGonçalves de Lacerda, de seis meses, no Jackson Memorial Hospital - Divulgação/Ajude Sofia
O médico brasileiro Rodrigo Vianna ao lado da bebê SofiaGonçalves de Lacerda, de seis meses, no Jackson Memorial Hospital Imagem: Divulgação/Ajude Sofia

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Campinas

04/07/2014 14h26Atualizada em 04/07/2014 14h49

A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, de seis meses, vai precisar fazer o transplante de seis órgãos do sistema digestório. Segundo o médico brasileiro Rodrigo Vianna, que fará o procedimento, trata-se da maior cirurgia possível de ser feita em um ser humano. Apesar disso, o especialista está otimista.

Segundo o brasileiro, que é diretor de transplantes do Jackson Memorial Hospital, referência mundial nesse tipo de transplante, todos os órgãos do sistema digestório da menina serão trocados. Havia a expectativa anterior de que apenas três deles fossem transplantados.

“O transplante multivisceral é a maior cirurgia que se pode fazer em um ser humano. No caso da Sofia, será necessário transplantar estômago, duodeno, pâncreas, intestino delgado e possivelmente intestino grosso, além do fígado”, disse o especialista, que já atuou em mais de 250 procedimentos do tipo.

“Devido à grandeza desse procedimento, são pouquíssimos hospitais no mundo que dominam a técnica. É um procedimento extremamente caro e requer grande estrutura”, disse o especialista.

Segundo Patrícia Lacerda, mãe da menina, o diagnóstico não afetou o ânimo da família.

“Isso não me assustou, pois confio em Deus e nessa equipe. Temos uma prova viva de que é possível [fazer a operação e sobreviver]: o Gabrielzinho, que está aqui super forte e saudável”, disse ela, em página da comunidade Ajude Sofia no Facebook.

Gabriel é o filho da família de brasileiros que hospeda a família de Sofia nos Estados Unidos. O menino passou pelo procedimentos.

Exames

Sofia chegou aos Estados Unidos na quarta-feira e passou, desde então, por uma bateria de exames. Segundo Vianna, ainda não é possível fazer uma análise dos resultados. “Não sabemos ainda se os exames estão dentro do esperado, pois são avaliações bastante complexas”, disse ele.

Ainda segundo o brasileiro, não há previsão sobre quando o procedimento será realizado, já que é necessário esperar por um doador compatível com Sofia. A expectativa é que a família fique por pelo menos dois anos nos Estados Unidos.

O caso

Sofia nasceu com a chamada Síndrome de Berdon, uma doença rara que provoca problemas no intestino, na bexiga e no estômago. Por conta disso, ela não pode ingerir alimentos e nem mesmo saliva. Ela também não utiliza o sistema excretor. A alimentação é feita de forma intravenosa.

Ela já passou por três cirurgias desde que nasceu para amenizar o problema, mas a cura só é possível com o procedimento realizado nos Estados Unidos. A única chance de sobrevivência é com o transplante.

O procedimento, que será feito no Jackson Memorial Medical de Miami, custa R$ 2,4 milhões e será custeado pela União, que foi obrigada pela Justiça a pagar o tratamento e qualquer outro gasto extra que surgir. O dinheiro já foi depositado na conta do hospital.