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Criança supostamente curada da Aids volta a exibir sinais do vírus nos EUA

Do UOL, em São Paulo

10/07/2014 17h25

Uma criança aparentemente curada do HIV voltou a mostrar níveis detectáveis do vírus da Aids, informou o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos nesta quinta-feira (10).

A criança, conhecida como "Bebê do Mississippi", foi objeto de um estudo de caso sobre remissão duradoura da infecção publicado no periódico The New England Journal of Medicine no ano passado.

Atualmente com quatro anos, a criança nasceu prematura em uma clínica do Mississippi em 2010 de uma mãe infectada com o HIV. Depois de ser tratada durante 18 meses, ela passou mais de dois anos sem medicamentos antirretrovirais. Durante aquele período, exames de sangue não detectaram níveis do vírus.

"Certamente esta é uma reviravolta decepcionante para esta criança, para a equipe médica envolvida no seu cuidado e para a comunidade de pesquisa de HIV/AIDS", declarou o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci.

Caso reconhecido de cura

A única cura total da Aids oficialmente reconhecida ocorreu com o americano Timothy Brown, conhecido como o paciente de Berlim, declarado livre do HIV após realizar um transplante de médula óssea de um doador que apresentava uma mutação genética rara que impede o vírus de penetrar na células.

O transplante visava salvar Brown de uma leucemia.

O tratamento precoce explica sua cura funcional, ao bloquear a formação de reservas de vírus dificilmente tratáveis, assinalaram os pesquisadores na 20ª Conferência Anual sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada em março em Atlanta, Geórgia.

Estas células contaminadas "adormecidas" relançam a infecção na maior parte das pessoas soropostivas semanas após a suspensão do tratamento com antirretrovirais.

As análises mostraram uma redução progressiva da presença viral no sangue dos recém-nascidos, até o vírus se fazer indetectável no 29º dia de tratamento.

O desaparecimento do HIV sem tratamento permanente é algo extremamente raro, e observado apenas em 0,5% dos adultos infectados, cujo sistema imunitário impede a reprodução do vírus e o converte em clinicamente indetectável.

Os tratamentos antirretrovirais em mães portadoras do HIV durante a gestação impedem a transmissão do vírus para a criança em 98% dos casos, destacam os especialistas.

(Com agências internacionais)