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Bono se une a fabricantes de remédios para combate ao ebola nos EUA

Da Bloomberg

23/10/2014 16h39

A Zimek Technologies acredita ter a solução para ajudar os EUA no combate ao ebola: um sistema automatizado de desinfecção que pode limpar um quarto de hospital em 45 minutos.

Para garantir que o governo federal tome conhecimento do sistema, a Zimek, que tem sede em Orlando, na Flórida, contratou em agosto a empresa de lobby Dentons U.S. LLP para falar sobre seu equipamento ao Congresso e a autoridades do Departamento de Defesa e dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

A Zimek pagou à Dentons cerca de US$ 20 mil no terceiro trimestre, segundo um registro da empresa de lobby. O lobby é uma atividade regulamentada nos EUA.

“Eles não querem ver outra enfermeira ou cidadão inocente ser contaminado, seja por ebola ou outro patógeno mortal, em razão de não usar a tecnologia apropriada de descontaminação para ajudar”, disse Joe Mantilla, lobista da Dentons que representa a empresa, em entrevista por telefone.

Fabricantes de medicamentos, hospitais, empresas como a Zimek e grupos de defesa, incluindo a campanha ONE, de Bono, vocalista do U2, estão entre pelo menos 15 organizadores que informaram atividades de lobby relacionadas ao ebola durante o terceiro trimestre, segundo informações registradas e divulgadas pelo Senado dos EUA. Com milhares de soldados e trabalhadores humanitários enviados à África Ocidental, além de casos domésticos em Dallas, o Congresso forneceu US$ 88 milhões para pesquisa de drogas e para os CDCs e permitiu que o Pentágono transferisse US$ 750 milhões de seu fundo de guerra para a missão contra o ebola.

“Segundo meu ponto de vista, não havia dinheiro para o ebola em agosto, e depois repentinamente apareceu um bilhão”, disse David Kilian, lobista da Innovative Federal Strategies, em entrevista por telefone. “As pessoas estão se mexendo por aqui”.

Uso compassivo

A empresa de Kilian representa a Cerus Corp., uma firma com sede em Concord, Califórnia, cuja tecnologia mata patógenos em hemoderivados pensados para transfusões -- como o plasma que os sobreviventes do ebola doam para os doentes na esperança de que seus anticorpos possam ajudar a combater o vírus.

A Cerus apresentou um pedido à Administração de Alimentos e Medicamentos em 20 de outubro buscando aprovação para o “uso compassivo” de sua tecnologia nos EUA, disse o CEO William “Obi” Greenman, em entrevista por telefone. Ele paga a firma de Kilian para buscar oportunidades para financiamento de pesquisa para sua empresa.

“Considerando que eles podem ajudar a fazer as coisas tramitarem mais rapidamente no governo, é por isso, basicamente, que temos um lobista”, disse Greenman. A Cerus pagou à Innovative Federal cerca de US$ 20 mil no terceiro trimestre, segundo dados divulgados.

Empresas interessadas

Outras empresas que fazem lobby pelo ebola, segundo os dados divulgados, são: a BioCryst Pharmaceuticals Inc., fabricante de medicamentos com sede em Durham, Carolina do Norte; a Alaska Structures Inc., com sede em Anchorage, Alasca, que fabrica abrigos e instalações médicas temporários; a Welch Allyn Inc., fabricante de equipamentos de diagnósticos médicos com sede em Skaneateles Falls, Nova York; e a Sarepta Therapeutics Inc., fabricante de medicamentos com sede em Cambridge, Massachusetts.

O grupo de Bono, a campanha ONE, é financiada por doações privadas e não busca dinheiro do contribuinte, disse Tom Hart, diretor-executivo do grupo para os EUA. Ele quer ter certeza de que os EUA e outros países doadores vão colocar o máximo de dinheiro possível em saúde pública e em trabalhadores humanitários.

A Zimek vendeu mais de 200 de seus sistemas de desinfecção para clientes como o Departamento de Segurança Interna dos EUA, disse o presidente do conselho da empresa, Rob Theisen, em entrevista por telefone. O dispositivo, que enche uma sala ou veículo com uma névoa desinfetante e depois a aspira, custa cerca de US$ 60 mil.

A Dentons está fazendo lobby dentro do governo para recomendar o equipamento da Zimek para fabricantes de aviões e companhias aéreas, disse Theisen, e também para influenciar novas regras com o objetivo de proteger trabalhadores da saúde e paramédicos contra infecções.

“Nós queremos estar envolvidos se pudermos ter uma entrada nisso”, disse ele. “Queremos ter certeza de que essas pessoas estão protegidas”.