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Dez coisas que você precisa saber antes de tomar sol neste verão

Camila Neumam

Do UOL, em São Paulo

12/01/2015 06h00

A pele bronzeada tornou-se símbolo de beleza mundo afora, como exemplo de aparência saudável. No entanto, para dermatologistas o seu efeito não tem nada a ver com saúde. Ao contrário, pode acelerar o envelhecimento da pele e a probabilidade de ter câncer.

Mas é durante o verão que muitas pessoas ainda se arriscam a pegar uma cor, mesmo com a possibilidade de ter mais queimaduras do que o bronze propriamente dito.

Diante deste dilema, o UOL questionou especialistas sobre quais cuidados devem ser tomados antes de se bronzear para evitar riscos à saúde. Os dermatologistas Marcus Maia, coordenador do programa nacional de combate ao câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e Dolival Lobão, chefe da sessão de dermatologia do Inca (Instituto Nacional do Câncer), selecionaram dez dicas que vão ajudar a evitar queimaduras e prevenir contra os danos à pele.

Aí sim: protetor, roupas e acessórios 

A primeira dica é ter consciência de que seu tipo de pele pode não ser capaz de adquirir um bronzeado de capa de revista. Os menos sortudos em questão são os de pele mais clara, que naturalmente possuem menos melanina, pigmento que protege a pele dos raios solares.

“As pessoas de pele, olhos e cabelos claros, com sardas e manchas na pele são as que têm dificuldade de se bronzear porque, na verdade, ficam com queimaduras. A primeira providência antes de se expor ao sol é saber que se corre este risco. Embora todo mundo tenha que se proteger contra o sol, até os de pele escura, estas pessoas precisam de uma proteção solar mais rigorosa”, diz Marcus Maia.

Para se proteger do sol, o dermatologista do SBD sugere uma série de dicas que vão além do uso do protetor solar. O ideal é usar 40 ml por adulto e 20 ml por criança. Junto ao fotoprotetor, use roupas cujo tecido tenha proteção solar, peças conhecidas como U.V line, além de chapéus e óculos que protegem contra os raios solares.

Para as crianças, os especialistas sugerem o uso de camisetas e chapéus, já que elas podem suar mais por se movimentarem bastante. Com os acessórios, que podem ser aqueles com proteção ou comuns, elas terão boa parte do corpo protegida.

Reaplicar protetor deve ser 'lei'

Os dermatologistas orientam aplicar o protetor solar 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicá-lo depois do mergulho e de suar muito. A recomendação vale tanto para pessoas de pele clara, como os de pele morena, amarela e negra.

O fator de proteção solar considerado ideal para todas as escalas de cores de pele vai do número 15 ao 30, sendo mais importante reaplicá-lo do que o número em si. Crianças com idade superior a seis meses podem até usar protetores solares comuns, não infantis, desde que o fator de proteção seja no mínimo 15.

“O protetor com fator solar de número 15 seria suficiente porque ele protege em até 97% por aplicação contra a radiação solar. Como as pessoas não o reaplicam corretamente, indica-se o de número 30, que tem 98% de proteção. Mas o protetor só funciona como indicado se for aplicado sempre que necessário, a cada duas horas, pelo menos”, diz Maia.

O uso de óculos, por vezes negligenciado, pode prevenir até doenças como a catarata.

“Como todos nós um dia podemos ter catarata, o sol faz com que ela venha mais cedo por ter efeito cumulativo. Por isso é importante prevenir”, diz Dolival Lobão, do Inca.

Bronzeado sem sol funciona

O uso de cremes bronzeadores ou a ingestão de cápsulas de betacaroteno --encontradas em farmácias-- são liberados pelos médicos, no entanto, eles frisam que tais produtos não protegem a pele contra os raios solares, embora proporcionem a sua pigmentação.

“São produtos eficazes de uma forma geral, mas são caros e podem não oferecer o efeito desejado para pessoas de pele muito clara. Há alimentos mais baratos que podem ajudar a mudar a cor da pele como a cenoura e o tomate. E não adianta usá-los e se esquecer do protetor solar”, diz Marcus Maia.

Para Dolival Lobão, o autobronzeador deve ser usado com a consciência de que terá efeito passageiro e é melhor ser evitado por quem tem alergia a algum produto de sua composição.

“O autobronzeador é um corante que não faz mal porque não atua dentro da pele. Em tese não há contraindicação, a não ser que a pessoa seja alérgica”.

Não existe bronzeamento saudável

Quanto mais tempo sob o sol, maior a exposição da pele aos raios solares UVA e UVB, os primeiros mais intensos entre as 7h e 19h e o segundo após o meio-dia até as 16h, que causam os problemas já apontados. 

Portanto, a conhecida recomendação de encarar o sol até as 10h e depois das 16h só ajuda a se proteger dos raios UVB, não dos que causam envelhecimento.

“Não existe bronzeamento saudável. Você estará envelhecendo a pele precocemente ou se preparando para ter um câncer de pele. A ação dos raios solares provoca envelhecimento precoce ou dano da estrutura do DNA, que pode acarretar na formação do câncer de pele”, afirma Lobão.

Há dois tipos de câncer de pele: o melanoma e o não-melanoma. O câncer do tipo melanoma tem maior incidência entre brancos e é considerado mais mortal por ter maior poder de destruição do local onde nasce o tumor --especialmente na boca, nariz e próximo aos olhos-- porque literalmente vai ‘comendo a pele’. Entretanto, sua incidência no Brasil é de apenas 4% entre os casos de câncer de pele.

Já o câncer não-melanoma é o câncer mais frequente no Brasil, correspondente a  25% de todos os tumores malignos registrados no país, e atinge com maior frequência pessoas acima dos 40 anos, segundo o Inca. Este tipo de câncer é caracterizado por pintas escuras.

Manchas na pele e sinais que surgem depois da exposição ao sol devem sempre ser avaliados por um dermatologista, principalmente se mudarem de cor ou de tamanho, se coçarem e se suas bordas tornarem-se irregulares com o tempo. Feridas na pele que não cicatrizam após 15 dias também devem ser alvo de atenção. Estas características podem indicar câncer de pele não-melanoma, explica Lobão.

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