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São Paulo registra aumento de 163% nos casos de dengue em janeiro

Fernando Frazão/Agência Brasil
Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Flávia Albuquerque

Da Agência Brasil, em São Paulo

04/02/2015 17h12

Do início de janeiro até o dia 24 a cidade de São Paulo registrou 1.304 casos de dengue notificados, dos quais 120 autóctones (originados na própria região). No mesmo período do ano passado foram 495 notificações e 45 casos autóctones - um aumento, portanto, de 163% nos números totais. Também foram registrados três casos de febre chikungunya na capital paulista, segundo dados divulgados hoje (4) pela Secretaria Municipal de Saúde.

Há estimativas de que, se continuar nesse ritmo, os registros de dengue neste ano, na cidade de São Paulo, ultrapassem em muito os números de 2014, quando a doença afetou 28.995 pessoas, com 14 mortes. A quase totalidade (97,7%) dos casos foram no primeiro semestre.

Para tratar de estratégias de combate à dengue haverá uma reunião, no próximo dia 12, envolvendo representantes da secretaria, diretores de postos de saúde e agentes com o objetivo de alertar os profissionais para o protocolo de sinais e sintomas, de modo a facilitar o diagnóstico o mais rápido possível, evitando a evolução da doença, que é branda, mas pode apresentar complicações se não for atacada adequadamente. A vacina contra a dengue está em desenvolvimento pelo Instituto Butantã, e só há previsão de que esteja pronta em 2017.

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, Paulo Puttini, todos os profissionais dos postos de saúde serão orientados a identificar rapidamente os sinais e sintomas por meio de uma classificação de risco determinada pela Secretaria. “Essa é uma medida que nos prontos-socorros pode acelerar o atendimento. E tudo depende do volume de procura. Mas estamos preparados para o atendimento, que deverá ser distribuído em nossa rede. Todos os hospitais estão obrigados a atender o paciente com suspeita de dengue”, segundo ele.

Puttini lembrou que a dengue não exige internação, e sim acompanhamento ambulatorial. Ele explicou que a administração municipal implantará medidas emergenciais de combate com os 2,5 mil agentes de zoonoses, mas a principal colaboração deve vir da população. “É possível evitar que essa incidência seja tão alta. Nenhum país conseguiu erradicar a dengue sem envolver a sociedade. É preciso ficar atento aos criadouros, que podem ser qualquer coleção de água limpa, na qual a larva do mosquito possa se transformar”.

O primeiro semestre do ano, normalmente, é um período em que a doença se prolifera, devido às altas temperaturas do verão, mas outra preocupação da administração pública é o fato de as pessoas armazenarem água, diante a possibilidade de rodízio no abastecimento. “A cidade virou um berçário de mosquitos, devido ao calor que nunca foi tão intenso, como tem sido. Ao mesmo tempo as pessoas armazenam água em recipientes, em casa, o que não é problema, mas é preciso cobrir esse reservatório com tela ou tampa”, enfatizou.

Puttini ressaltou que embora a nebulização de veneno mate o mosquito, não elimina as larvas. “Podemos fazer a nebulização, mas temos que atuar contra as larvas. Só utilizamos a fumaça quando vemos que há alto grau de transmissão naquela região”. Ele também lembrou que não há produtos que se coloque na água para evitar a proliferação de larvas. “A cloração da água é importante para a potabilidade dela, mas não mata larva. Tem que tampar”, reforçou.

Para confirmar a doença é preciso fazer um exame de sangue cujo resultado fica pronto em três dias. Os sintomas são: febre alta, dor de cabeça, dor no fundo dos olhos, dor no corpo, dores articulares muito intensas e mal-estar. No caso da febre chikungunya, os sintomas são os mesmos, porém mais intensos.