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Como um grupo usa as redes sociais para conseguir doadores de sangue

Giovana Toffolo conseguiu doadores de sangue para o seu avô Luiz (à direita) através de campanha no "Salve Mais Um" - Arquivo pessoal
Giovana Toffolo conseguiu doadores de sangue para o seu avô Luiz (à direita) através de campanha no "Salve Mais Um" Imagem: Arquivo pessoal

Renata Tavares

Do UOL, em Uberlândia (MG)

14/02/2015 06h00

Luiz Toffolo, 86 anos, precisava fazer uma cirurgia de retirada de câncer de pulmão e estava internado no Hospital do Coração em Londrina, no Paraná, mas as bolsas de sangue disponíveis no hemocentro da cidade não eram suficientes para a intervenção cirúrgica. Foi então que a neta decidiu mobilizar as redes sociais por meio do site “Salve Mais Um” (www.salvemaisum.com.br). No portal, as pessoas fazem campanhas de doação e podem pedir sangue para uma pessoa que esteja precisando. "Em 24 horas batemos a meta de doação. Todo mundo ajudou a divulgar, tivemos muitos compartilhamentos e foi ótimo. Meu avô fez a cirurgia e agora se recupera', diz Giovana Toffolo, neta de Luiz.

O site, iniciativa de um grupo de amigos de Uberlândia, em Minas Gerais, foi inaugurado há duas semanas e reúne campanhas para diferentes pessoas. "As pessoas nos enviam fotos nos postos de doação, nós alteramos a foto colocando um balão com o tipo sanguíneo da pessoa e postamos na rede social, que já tem mais de 1,6 mil seguidores. Nesta semana 20 pessoas nos enviaram fotos", disse um dos criadores do site, o advogado Gabriel Massote.

Segundo Massote, pessoas de diferentes partes do país registraram campanha no site. O fundador não sabe mensurar a quantidade de doações que o site conseguiu, mas acredita que em duas semanas foram mais de 50.

"Nós fomos a campo e fizemos uma pesquisa que comprovou que as ações de pedido de doação falando que os estoques do hemocentro estavam vazios não mobilizavam as pessoas. Os doadores comparecem em massa quando veem que alguém está precisando", disse. 

A empresária Tatiana Ferreira, 33, e a advogada Laís Morais, 26, estão entre as doadoras de sangue que contribuíram com o "Salve Mais Um". Para Tatiana, embora as pessoas saibam da necessidade da doação e a sua importância, poucas fazem. "Acho plausível essa iniciativa através das redes sociais. Ela consegue atingir um grande publico em potencial", disse.

Laís Morais, que mora em Uberlândia, também se sensibilizou com as campanhas publicadas no site e procurou o hemocentro da cidade na semana passada. "Acredito que o ideal é que cada um seja um doador assíduo, mas muitas vezes deixamos passar e nos esquecemos de doar, a rede vem como um reforço."

O coordenador do hemocentro de Uberlândia, que atende 23 cidades da região, Paulo Henrique Ribeiro de Paiva, diz que o hemocentro recebe uma média de 100 doações por dia. Porém, segundo ele, pouco mais de 10% dos doadores são os que vão frequentemente, e as campanhas divulgadas no site podem ajudar a formar o público que doa sempre. "Ainda não tivemos maneiras de quantificar essa ação especificamente. Porque as pessoas não nos informam, mas por se tratar de ações que mostram as pessoas que estão precisando, acreditamos que irá sensibilizar muito mais as pessoas e provocar mais doações", disse.