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Açafrão-da-Índia pode ser aliado no combate à dengue, diz pesquisa em SP

Flores de açafrão-da-Índia: curcumina pode ser uma arma natural contra mosquito Aedes aegypti - Arno Burgi/dpa/AFP
Flores de açafrão-da-Índia: curcumina pode ser uma arma natural contra mosquito Aedes aegypti Imagem: Arno Burgi/dpa/AFP

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas

07/03/2015 06h00

Um forte aliado contra a dengue deve começar a ser testado nos criadouros de Aedes aegypti nos próximos meses em cidades da região de São Carlos (a 255 quilômetros de São Paulo).

Uma parceria entre a USP (Universidade de Paulo) em São Carlos e a Ufscar levou pesquisadores a descobrirem que a curcumina -- substância presente no açafrão-da-Índia -- pode ser a solução das autoridades de Saúde no combate às larvas do mosquito transmissor da doença. 

De acordo com o estudo, uma pequena quantidade de curcumina lançada no local onde as larvas são depositadas já é capaz de matar 100% dos futuros transmissores da dengue. “Os testes laboratoriais, feitos com larvas criadas em laboratório apontaram que basta uma pequena quantidade de pó e exposição à luz (solar ou artificial) para ativar a substância que destrói o intestino da larva e a leva à morte. Após a ingestão do pó e exposição à luz, a larva morre em até duas horas”, explicou Natália Inada, pesquisadora da USP envolvida no projeto.

Entretanto, a extração da curcumina do açafrão-da-Índia é feita por meio de processos químicos. “Não adianta pegar o tempero da geladeira e jogar no vaso da planta que não vai surtir efeito nenhum. A extração depende de um processo químico, feito em laboratório”, afirmou Natália.

Agora, os pesquisadores aguardam autorização dos órgãos responsáveis para que a pesquisa continue em campo. “A eficácia da substância precisa ser testada em campo, nas casas, nos ambientes endêmicos. Estamos esperando a aprovação para os próximos meses”, disse a pesquisadora.

Segundo Natália Inada, caso a eficácia se comprove em campo, uma empresa farmacêutica já se dispôs a produzir a substância em larga escala e solicitar a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso e venda da substância no combate à dengue.

De acordo com o estudo, coordenado pelo professor Vanderlei Salvador Bagnato, do Instituto de Física (IFSC) da USP, a curcumina não agride o meio ambiente. “A utilização não trará nenhum impacto ambiental. Por ser substância natural, não vai contaminar nem o solo, nem a água, nem organismos. Se você colocar a substância na água de um vaso e o seu animal de estimação beber, nada vai acontecer com ele”, afirmou a pesquisadora.