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"Ela estava mais doente do que eu imaginava", diz cirurgião da bebê Sofia

 A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, em foto de quando tinha oito meses - Arquivo pessoal/Divulgação
A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, em foto de quando tinha oito meses Imagem: Arquivo pessoal/Divulgação

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

10/04/2015 22h17

A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e três meses, foi operada  e recebeu os seis órgãos de que precisa para sobreviver, nesta sexta-feira (10). O procedimento, realizado no Jackson Memorial Hospital, em Miami, nos Estados Unidos, durou quase dez horas e foi considerado bem sucedido. Sofia está internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e não tem previsão de alta médica.

Segundo o médico brasileiro Rodrigo Vianna, responsável pela operação, o procedimento começou por volta das 11h da manhã, no horário de Brasília, e terminou perto das 21h. “Acabou. Foi extremamente difícil, mas foi tudo bem, graças a Deus”. Segundo o médico, Sofia apresentava um comprometimento maior que o esperado e, por isso, a recuperação pode ser complicada. “Ela estava muito mais doente por dentro do que eu imaginava”, disse ele, que ressaltou, entretanto, que o procedimento foi bem sucedido. “Iremos esperar a recuperação dela”, disse.

O médico relatou, em entrevista exclusiva ao UOL, que a recuperação de Sofia será longa e não é possível prever quando ela poderá deixar o hospital. “Será uma longa jornada. É imprevisível, por enquanto, saber como ela irá se recuperar. Ela deve ficar muitos dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e ainda corre risco de morte”, conta.

Portadora da Síndrome de Berdon, doença rara que compromete o funcionamento do sistema digestivo, Sofia esperava, há nove meses, nos Estados Unidos, um doador que fosse compatível com ela. Ela recebeu estômago, duodeno, pâncreas, intestino delgado e intestino grosso, além do fígado. “Chegou o dia tão sonhado, o dia da cura da nossa pequena. Ela é lutadora, continua lutando pela vida, mas só temos a agradecer”, disse Patrícia Lacerda, mãe da Sofia.

O médico também fez questão de externar seus sentimentos após a operação. “Estou muito feliz, mas também muito cansado. Mas irei dormir sabendo que todos fizeram o melhor pela Sofia”, disse.

O caso

Sofia nasceu em 24 de dezembro e permaneceu internada no Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP). Lá, recebeu o atendimento e foi confirmada a condição de portadora da doença. Após uma batalha judicial, a família conseguiu transferir a menina, em 23 de março, para o Hospital Samaritano, em Sorocaba, cidade mais próxima de Votorantim, onde moram os pais.

Depois de nova batalha judicial, em 24 de abril, ela foi transferida para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde fez exames. Em 28 de maio, o desembargador Mário Moraes, do TRF, determinou que a União providenciasse a remoção de Sofia, em um avião adaptado, para os Estados Unidos. Depois disso, Sofia deixou o Hospital das Clínicas de São Paulo e foi transferida para o Hospital Samaritano.

Em 16 de junho, após o não-cumprimento da decisão, o advogado da família, Miguel Navarro,chegou a pedir a prisão do ministro da Saúde. Depois de conseguir a vitória na Justiça, embarcou para os Estados Unidos em 3 de julho.

No Brasil, ela já havia passado por três cirurgias desde que nasceu para amenizar o problema, e também foi operada, nos Estados Unidos, para curar um sopro no coração.