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Acho que estou com dengue, devo ir ao hospital? Médico responde

A Secretaria de Saúde de Rio Claro (a 170 quilômetros de São Paulo) instalou um hospital de campanha para atender casos de dengue - Juca Varella/Folhapress
A Secretaria de Saúde de Rio Claro (a 170 quilômetros de São Paulo) instalou um hospital de campanha para atender casos de dengue Imagem: Juca Varella/Folhapress

Camila Neumam

Do UOL, em São Paulo

21/04/2015 06h00

Acho que estou com dengue, devo ir ao hospital? Sim, principalmente se você estiver com alguns dos muitos sintomas da dengue: febre alta, dores nas articulações, dores atrás dos olhos, na barriga e nos ossos, dor de cabeça, vômitos, diarreia, náuseas, fadiga, manchas na pele e sangramentos.

Quem tiver todos estes sintomas ou parte deles deve procurar um pronto-socorro o mais rápido possível para evitar complicações. Em caso de fortes dores na barriga, falta de ar e sangramento na gengiva, no estômago e ao evacuar, deve-se procurar ajuda médica imediatamente porque há risco de morte. Estes sintomas são conhecidos como sinais de alerta da dengue hemorrágica.

Essas são orientações do clínico-geral Gustavo Janot, que trabalha na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP). Janot chefiou a tenda de atendimento aos casos de dengue no bairro da Brasilândia, na capital paulista, onde pelo menos 200 pessoas são atendidas diariamente. O Estado de São Paulo vive um surto de dengue que mata, em média, uma pessoa por dia.

“O ideal é ter as tendas para atendimento dos casos suspeitos de dengue, porque é um tratamento muito simples e barato e desafoga os prontos-socorros. Mas, em locais onde não há tendas, mas há epidemia, é melhor procurar um médico para confirmar o diagnóstico e evitar complicações”, diz Janot.

Diferencia a dengue da gripe

Com a chegada dos dias mais frios, é comum confundir a dengue com a gripe, já que as dores no corpo e na cabeça são sintomas comuns em ambas. A dica para descartar uma das possibilidades é diferenciar a intensidade dos sintomas. Ressaltando que o diagnóstico só é feito com precisão nas unidades de saúde.

“A diferenciação não é simples, mas na gripe há coriza, dor de garganta, além das dores no corpo. Já as dores da dengue são muito mais fortes e incapacitantes. Por isso ela é conhecida como 'febre quebra-ossos'”, diz Janot.

Quanto mais cedo o paciente procurar um médico, menor o risco de a doença se complicar por desidratação ou hemorragia. O doente de dengue fica desidratado pela diarreia e pelo excesso de vômitos. Já o sangramento pode ser um indicativo de dengue hemorrágica, o tipo mais perigoso e letal da doença, que aparece geralmente em quem já pegou dengue anteriormente.

Recuperação em casa

O tratamento da dengue não requer muitos remédios ou internação na maioria dos casos. Um teste rápido, um exame sorológico e um hemograma feitos em uma unidade de saúde dão o diagnóstico. Dado positivo, o paciente é tratado basicamente com soro fisiológico na veia para se reidratar e com remédios a base de paracetamol para dor e remédios contra enjoo para as náuseas.

“O tratamento da dengue é simples porque consiste basicamente na hidratação e de remédios para dor e para náusea. Mas um hemograma feito com rapidez pode detectar uma queda acentuada das plaquetas, que indica o sangramento, e mostrar a gravidade da doença”, diz Janot.

Já em casa, o doente de dengue tem que ficar em repouso, tomar muito líquido e remédios para diminuir os sintomas até eles desaparecerem, por volta de uma semana após o início. Se os sintomas ficarem mais intensos, ele deve voltar a procurar ajuda médica.

“Faça a conta de 80 ml por quilo de peso para calcular o quanto de água é necessário para se hidratar. E evite tomar anti-inflamatórios e remédios à base de ácido acetilsalicílico porque alteram a coagulação e aumentam o sangramento”, ensina o médico.