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Imunoterapia é apontada como opção para tratamento de cânceres 'difíceis'

Congresso norte-americano de oncologia, promovido pela Asco (American Society of Clinical Oncology) - Débora Nogueira/UOL
Congresso norte-americano de oncologia, promovido pela Asco (American Society of Clinical Oncology) Imagem: Débora Nogueira/UOL

Débora Nogueira*

Do UOL, em Chicago (EUA)

30/05/2015 10h37

Quatro estudos clínicos divulgados nesta sexta-feira (29) no congresso norte-americano de oncologia, promovido pela Asco (American Society of Clinical Oncology), apontam um novo rumo no tratamento de cânceres agressivos. A chamada imunoterapia age para liberar o sistema imunológico para combater os chamados tumores sólidos, principalmente os de fígado, cabeça, pescoço, pulmão e cólon. Esses tipos de cânceres são considerados difíceis de tratar por não responderem bem aos medicamentos já existentes.

Em um desses estudos divulgados, que foi publicado em uma das mais respeitadas publicações científicas, o "New England Journal of Medicine", os pesquisadores acreditam ter encontrado uma "assinatura genética" no tumor que mostra a propensão para responder à imunoterapia. Essa assinatura seria a produção de uma proteína chamada PD-1. Os pacientes que tinham tumores que produziam a PD-1 viveram mais tempo e tiveram a regressão de seus tumores.

A imunoterapia muda a forma como se enxerga o tratamento do câncer. Em vez de olhar somente para o combate das células malignas, os especialistas perceberam que as células imunitárias, aquelas que defendem o organismo, entram em uma espécie de "pausa", em vez de combater a ameaça das malignas. Com essa técnica, anticorpos são capazes de "acordar" as células paralisadas e, desta forma, atrasar a progressão de tumores.

O tratamento de imunoterapia não é, porém, uma novidade. Ele já é utilizado para o tratamento do melanoma, um tipo agressivo e mortal de câncer de pele. Um dos medicamentos já está sendo usado para tratar câncer de pulmão nos Estados Unidos e a utilização de outras drogas semelhantes é analisada em outros países.

Tema do ano?

A proteína PD-1 é a segunda palavra mais citada em mais de 5.000 trabalhos científicos que serão apresentados no encontro, segundo um levantamento feito pela revista "Forbes". Isso mostra que a imunoterapia, que já havia sido tema dos outros dois últimos congressos, continua como uma das principais apostas da oncologia no ano.

O câncer é a maior causa de morte do mundo: 14 milhões de pessoas são diagnosticadas a cada ano, dos quais cerca de 8 milhões não sobrevivem à doença. Nas próximas duas décadas, o número de diagnósticos deve subir para 22 milhões por ano, segundo uma pesquisa do laboratório Merck.

O congresso da Asco é considerado a maior plenária científica de oncologia do mundo, reunindo neste ano mais de 5.000 trabalhos, a serem apresentados até terça-feira (2). O encontro teve início nesta sexta, em Chicago (EUA). Centenas de médicos apresentam seus trabalhos para outros milhares de pesquisadores, cirurgiões, estudantes e pessoal da indústria farmacêutica. Novos medicamentos e técnicas são geralmente lançados nesse encontro, que domina a agenda científica oncológica do ano todo.

*A jornalista viajou a convite da farmacêutica Janssen