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Primeiro homem a fazer transplante peniano vai ser pai, diz médico

Andre van der Merwe (à esquerda), chefe da Divisão de Urologia da Universidade de Stellenbosch, e Rafique Moosa (direita), diretor executivo do Departamento da Universidade de Stellenbosch, em foto na ocasião do anúncio da realização da cirurgia  - AFP
Andre van der Merwe (à esquerda), chefe da Divisão de Urologia da Universidade de Stellenbosch, e Rafique Moosa (direita), diretor executivo do Departamento da Universidade de Stellenbosch, em foto na ocasião do anúncio da realização da cirurgia Imagem: AFP

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

11/06/2015 16h51

O primeiro, e até agora único, homem do mundo a passar por um transplante bem sucedido de pênis será pai. A informação foi divulgada na quarta-feira (10) pelo médico urologista Andre van der Merwe, responsável pelo procedimento, durante uma palestra, na África do Sul. A cirurgia ocorreu há seis meses, no mesmo país.

Merwe proferia uma palestra na Universidade de Stellenbosch quando informou que o paciente, um rapaz de 21 anos, comunicou a ele a gravidez da namorada. “O órgão está funcionando, o que confirma o sucesso da cirurgia", afirmou o médico.

Segundo Merwe, o rapaz restabeleceu todas as funções do pênis cinco semanas após o transplante, apesar de o local não apresentar a mesma sensibilidade de antes. No entanto, o especialista assegura que o pênis do jovem é completamente funcional, sendo ele capaz de urinar, ter ereção, ejaculação e orgasmo.

Merwe ressaltou ainda que a recuperação do jovem foi mais rápida que o esperado. "Nosso objetivo era que ele seria totalmente funcional em dois anos e estamos muito surpresos com sua rápida recuperação", ressaltou ele, que informou, ainda, que um novo procedimento para aumentar a sensibilidade no local pode ser realizado no segundo semestre, se necessário.

“Volta à vida”

O procedimento, primeiro a ser realizado com sucesso, abriu caminho para que a técnica possa ser reproduzida em outros casos envolvendo mutilação do órgão genital ou mesmo em casos de amputação geradas por conta de tumores.

De acordo com Merwe, em entrevista concedida à rede britânica de comunicação BBC na ocasião em que o transplante foi realizado, a técnica possibilita melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

"Você pode dizer que o transplante não salva a vida, mas que traz pessoas de volta à vida. Quem passa por uma amputação peniana, especialmente quando se é jovem, acaba estigmatizado, colocado no ostracismo, e muitos chegam a tirar a própria vida", disse. "Se você recebe de volta um pênis, nesses casos, você acaba voltando à vida", disse na época.

O caso

O paciente, que não foi identificado para que sua identidade fosse preservada, teve o pênis amputado depois de ter problemas em um ritual de circuncisão que ocorreu quando ele tinha 18 anos. Ele manteve apenas 1 centímetro do tamanho original de seu órgão sexual e, antes do procedimento, precisava de usar um cateter para urinar.

Três anos depois, os médicos do Tygerberg Hospital, na cidade do Cabo, em parceria com a Universidade de Stellenbosch, realizaram o transplante, feito a partir de um doador morto. O procedimento, que teve duração de nove horas, aconteceu em dezembro de 2014, mas só foi divulgado em março de 2015.

Os médicos afirmaram ainda que outros nove pacientes sofreram transplantes penianos na instituição, mas não forneceu detalhes sobre quando isso ocorreu ou sobre os resultados.

Segundo o urologista Fernando Almeida, o sucesso da técnica pode ser utilizada também como opção para homens que sofram de impotência em estágio irreversível. "Seria um procedimento extremo, mas que abriria a possibilidade de que esses homens voltassem a ter ereção", disse.