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Pesquisa brasileira consegue sobrevida maior para crianças com tumor raro

O oncologista pediatra Sidnei Epelman, durante a participação no congresso da ASCO, em Chicago, nos Estados Unidos - Divulgação
O oncologista pediatra Sidnei Epelman, durante a participação no congresso da ASCO, em Chicago, nos Estados Unidos Imagem: Divulgação

Débora Nogueira

Do UOL, em São Paulo

12/06/2015 16h37

A associação de um medicamento com a radioterapia aumentou a sobrevida de crianças com um tipo de tumor raro no cérebro, o glioma de ponte. Geralmente, as crianças que desenvolvem esse tipo de câncer morrem em até 10 meses.

O estudo foi liderado pelo oncologista pediatra Sidnei Epelman, diretor do Departamento de Oncologia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina e presidente da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (TUCCA). “Nós temos pacientes que já ultrapassaram a barreira de três anos de vida após o diagnóstico. Esse medicamento é aprovado para recaídas da doença, mas acreditamos que esperar a recaída de uma doença tão agressiva seria desastroso. Por que esperar se podemos agir com todos os meios que podemos?”, afirmou o médico.

O estudo foi feito com a população brasileira e avaliou se o medicamento nimotuzumabe, associado à terapia tradicional (radioterapia), traria benefícios às crianças recém diagnosticadas com a doença. O remédio é um anticorpo monoclonal que age no receptor da célula (chamado EGFR) impedindo sua multiplicação.

Os resultados clínicos da pesquisa foram apresentados no último congresso norte-americano de oncologia, promovido pela ASCO (American Society of Clinical Oncology), em Chicago, nos Estados Unidos.

Raro, este tipo de câncer corresponde a cerca de 10% dos tumores cerebrais em pediatria. “Não é uma solução para a doença. O mundo todo trabalha para combater os efeitos dela. Mas é um caminho”, concluiu o médico.

Biologia molecular

Segundo o médico, o grande caminho da oncologia hoje é a biologia molecular. Para ele, o entendimento da doença aumentou, os médicos sabem melhor como a doença age dentro da célula.

“O câncer era tratado como uma doença única. Hoje sabemos que a mesma doença tem várias subclassificações e se desenvolve diferentemente em cada pessoa”, afirmou.

Segundo ele, as pesquisas caminham para um entendimento maior de qual tratamento é melhor para cada pessoa. “É uma tendência nos Estados Unidos, eles até usam a expressão “tailor-made”, que significaria ser feito sob medida para alguém. O tratamento do câncer está cada vez mais individualizado”, concluiu.