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Médicos residentes fazem ato na Unifesp pedindo melhorias em hospital

Residente do Hospital São Paulo cumprimenta paciente durante ato realizado nesta quarta-feira (1) em frente à Faculdade de Enfermagem, por melhorias nas condições de trabalho no setor de atendimento que, de acordo com eles, tem sido prejudicado com o corte verbas feito pelos governos federal e estadual. - Luiz Claudio Barbosa/Código19/Folhapress
Residente do Hospital São Paulo cumprimenta paciente durante ato realizado nesta quarta-feira (1) em frente à Faculdade de Enfermagem, por melhorias nas condições de trabalho no setor de atendimento que, de acordo com eles, tem sido prejudicado com o corte verbas feito pelos governos federal e estadual. Imagem: Luiz Claudio Barbosa/Código19/Folhapress

Agência Brasil

01/07/2015 20h23

Médicos residentes do Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo, que estão em greve desde o dia 23 de junho, fizeram um ato hoje (1º), em frente à Faculdade de Enfermagem, por melhorias nas condições de trabalho no setor de atendimento que, de acordo com eles, tem sido prejudicado com o corte verbas feito pelos governos federal e estadual.

Os médicos se posicionaram no local onde haveria um evento promovido pelo Departamento de Medicina Preventiva com a presença do ministro da Saúde, Arthur Chioro. Os residentes levantaram os braços e os cruzaram, simbolizando que estão de “mãos atadas” pela falta de materiais, medicamentos e de equipamentos.

O ministro cancelou a ida ao local, mas decidiu participar por meio de videoconferência. Diante da mudança, os médicos decidiram então eleger uma comissão para ler uma carta a Chioro em que pedem solução para o problema. “Pretendemos dialogar com ele [ministro] usando esse meio de comunicação. A ideia é entregar uma carta demonstrando o que está acontecendo aqui”, disse Lucas Ferreira Teotônio dos Santos, residente do primeiro ano de clínica médica, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, existem atualmente 1,1 mil médicos residentes na Unifesp. Eles são responsáveis por quase um terço do atendimento do hospital. Mas, de acordo com Lucas Ferreira, na prática, os residentes trabalham muito mais. “Atendemos desde enfermarias até prontos-socorros e ambulatórios”. A greve parou o atendimento ambulatorial, mas 30% dos residentes estão trabalhando em áreas de urgência e emergência e enfermarias.

Na tarde de hoje, a reportagem da Agência Brasil ouviu alguns pacientes. Eles reclamaram principalmente da demora no atendimento. O arquiteto Luiz Francisco, de 59 anos, chegou ao hospital por volta das 10h30 e até as 14h, quando a reportagem falou com ele, Francisco ainda não havia sido atendido. “Tenho o retorno de um dedo, que foi acidente de trabalho. Estou aqui desde as 10h30 e até agora nem fui chamado”. Para o arquiteto, a demora no atendimento é consequência da greve. “Toda a greve ajuda, mas sempre alguém paga. Eu uso muito pouco o sistema de saúde, mas é péssimo”, disse.

Maria Socorro da Silva, de 61 anos, chegou à unidade por volta das 10h. Ela buscava atendimento para a filha Patricia. “Minha filha tem retorno de um transplante de córnea. Vim hoje aqui e achei diferença. Eles [residentes] têm direito a fazer isso, mas hoje está demorando”, disse.

Por meio de nota à imprensa, o hospital informou que o Conselho Gestor tem se reunido com o comando do movimento e discutido os pontos de reivindicação. “Na última sexta-feira foram assumidos vários compromissos, alguns deles já realizados. Não compreendemos o não retorno às atividades por parte dos residentes”, informa o hospital. De acordo com os residentes, a proposta formalizada pelo conselho é “inconsistente e sem clareza”, e que não definiu prazos para a solução de problemas.

O Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que o ministro participou da videoconferência com a Reitoria da Unifesp para discutir a situação do Hospital São Paulo, que é vinculado ao órgão.  Segundo o ministério, médicos, médicos residentes e a reitora da universidade, Soraya Smaili, estavam presentes. E que durante a conversa Chioro disse que  os repasses federais destinados ao Hospital São Paulo  estão regulares. "Somente em 2014 foram repassados R$ 180 milhões de verbas do ministério para custeio do atendimento, manutenção e melhoria da infraestrutura”, disse o ministro. Desse total, destacou o ministério, R$ 108 milhões serviram para custear o atendimento da população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

A nota  ressalta ainda que a pasta disponibilizou R$ 100 milhões para a ampliação ou melhoria do atendimento em 49 hospitais universitários de todo o país. A medida vai beneficiar 35 municípios de 24 estados. De acordo com o órgão federal, o estado de São Paulo receberá R$ 6 milhões  a fim de repassar para o Hospital São Paulo como parte do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais, desenvolvido e financiado em parceria com o Ministério da Educação.