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Após um ano em tratamento nos EUA, bebê Sofia tem alta médica

A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda ao lado da mãe, Patrícia, após ter alta médica - Arquivo pessoal
A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda ao lado da mãe, Patrícia, após ter alta médica Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

02/07/2015 15h16

Exatos 365 dias depois de chegar ao Estados Unidos, a bebê Sofia Gonçalves de Lacerda deixou, na tarde desta quinta-feira (2), o Jackson Memorial Hospital, em Miami, onde esteve internada em boa parte do tempo que ficou em terras norte-americanas. A bebê de Votorantim (SP) nasceu com uma síndrome rara que compromete o funcionamento do sistema digestório e teve que passar por um transplante, pago pela União, que substituiu cinco órgãos. Ela deve permanecer nos Estados Unidos até que seu acompanhamento esteja finalizado, o que deve acontecer em até dois anos.

A última etapa para a liberação de Sofia ocorreu na quarta-feira. O governo federal precisava pagar, de forma adiantada, a empresa que será responsável pelo tratamento que Sofia receberá em casa. A criança vai precisar tomar 17 medicamentos diariamente após a alta.

"Recebemos um presente. Justo no dia que faz um ano que chegamos aos Estados Unidos, podemos receber nossa pequena em casa", disse Patrícia Gonçalves, mãe de Sofia.

Patrícia conta ainda que ela e o marido, Gilson Lacerda, optaram por dispensar os cuidados da equipe de enfermagem e irão ser os responsáveis pela administração dos medicamentos. "É uma forma de ficarmos mais próximos. Optamos por cuidarmos nós mesmos dela. Tivemos treinamento, claro, e poderemos acionar a equipe de home care se for necessário. Eles também cuidarão dos equipamentos que ela necessita para ficar em casa", conta.

Alta médica

Segundo o doutor Rodrigo Vianna, médico brasileiro que comanda o departamento de transplantes do Jackson Memorial, Sofia preencheu as condições clínicas para a alta na semana passada, depois que a nutrição parenteral, procedimento no qual a alimentação é aplicada diretamente no sistema circulatório, deixou de ser realizada.
Atualmente em férias, o brasileiro se emociona com o resultado do transplante, mas ressalta que Sofia ainda precisa de acompanhamento. "Sem dúvida é uma vitória para os pais, me emociono ao saber o que fizemos com a Sofia. Ela é uma criança especial, uma vitoriosa", afirma.

Mudança

Embora vivessem mais no hospital do que na casa que alugaram nos Estados Unidos, Patrícia contra que, com a alta de Sofia, a família também decidiu se mudar. Eles alugaram um apartamento na cidade de Deerfield Beach, a 70 quilômetros de Miami. "Nosso aluguel estava muito caro, chegava a US$ 2,1 mil (cerca de R$ 6,5 mil) por mês. Nesse novo lugar, mais tranquilo, iremos pagar US$ 1 mil (cerca de R$ 3,5 mil) mensais de aluguel. As despesas pessoais da família são bancadas com o dinheiro de doações recebido pelo casal.

Patrícia conta que, embora a necessidade de acompanhamento de Sofia vá impor uma série de limitações, pretende fazer passeios em família, em especial ir à praia. "Nós também não conhecíamos a água salgada. Fomos pela primeira vez juntos, aqui nos Estados Unidos", disse ela, que vive com o marido, Gilson Lacerda.

O caso

Sofia nasceu em 24 de dezembro de 2013 e permaneceu internada no Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP). Lá, a menina recebeu atendimento e a família teve a confirmação de que ela era portadora da Síndrome de Berdon, condição rara que compromete o funcionamento do sistema digestório.

Para sobreviver, Sofia necessitava de um transplante multivisceral, que inclui estômago, fígado, pâncreas e intestinos. A família entrou na Justiça alegando que o Brasil não tinha capacidade para realizar os procedimentos e pedindo que a União bancasse todos os custos do tratamento, que deveria ser feito no Jackson Memorial. Só com o transplante, o montante gasto pelo governo foi de US$ 1,2 milhão (R$ 3,7 milhões).

Logo que chegou aos Estados Unidos, Sofia ficou internada. Enquanto esperou o transplante, chegou a viver com os país por um curto período, mas voltou ao hospital para a realização dos transplantes, que ocorreu em 10 de abril deste ano, quando conseguiu um doador compatível,  um norte-americano do estado da Flórida.