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Mulher precisa esperar quase 12h por parto e bebê morre no interior de SP

Renan Diego Peixoto da Silva e a esposa Alessandra, que precisou esperar quase 12h pelo parto  - Reprodução Facebook
Renan Diego Peixoto da Silva e a esposa Alessandra, que precisou esperar quase 12h pelo parto Imagem: Reprodução Facebook

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

12/08/2015 18h06Atualizada em 12/08/2015 18h29

Após ter que esperar quase 12 horas após a bolsa estourar, uma família viu seu primeiro filho morrer antes do nascimento. O caso ocorreu no hospital São Francisco, em Americana (SP) e os pais do bebê acusam o médico que os atendeu de negligência. A demora para a realização do parto contraria a recomendação de entidades médicas e está sendo investigada por uma comissão interna do hospital.

"Estamos arrasados. O Lorenzo era nosso primeiro filho, nosso sonho. Passamos da felicidade plena para a mais profunda tristeza. Não consigo nem sair de casa, levantar da cama", disse Renan Diego Peixoto da Silva, pai da criança.

Ele relatou que a bolsa amniótica da mulher, Alessandra, rompeu na noite de domingo. Eles chegaram ao hospital por volta das 22h30 e foram atendidos por um plantonista. "Ele disse que iria dar a ela um soro com progesterona para 'segurar' o bebê, mas não explicou por que minha mulher não foi imediatamente para a sala de parto. Eu acho que ele tinha que ter feito a cesárea", disse.

Ainda segundo Silva, a mulher passou a noite internada no hospital, mas não realizou nenhum exame de ultrassonografia porque o setor responsável pelo exame só abriria na segunda-feira de manhã. "Ela foi monitorada durante a madrugada e a criança estava viva", disse.

Na manhã de segunda-feira, perto das 9h, Alessandra foi levada para fazer a ultrassonografia, quando foi constatado que o coração do bebê não batia. "Ai resolveram fazer o parto, mas o Lorenzo já estava sem vida", disse Silva, acrescentando que o parto foi feito por volta das 10h.

O protocolo do Conselho Federal de Medicina (CFM) indica que o tempo máximo de espera para tomar uma iniciativa de parto após o rompimento da bolsa é de 12 horas. A informação foi corroborada pelo presidente regional da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo, José Luis Crivellin.

Procurado, o Hospital São Francisco informou, em nota, que "as questões médicas relacionadas ao caso estão sendo apuradas pelos órgãos competentes, e qualquer afirmação neste momento pode não representar a verdade sobre os fatos que vitimaram o feto".  A instituição informou ainda que a Comissão de Ética Médica irá apurar o caso a pedido da direção do hospital. Após a apuração, acrescenta a instituição, será possível determinar "tecnicamente eventual negligência, imprudência ou imperícia dos profissionais atendentes do caso". Nem o hospital nem Silva informaram a identidade do profissional que realizou o atendimento.

O pai informou ainda que irá registrar, nos próximos dias, um boletim de ocorrência contra o médico plantonista, mas que não pretende processar o hospital. "Houve negligência, mas o culpado não é o hospital, é o plantonista", disse. "Vou registrar o boletim, mas ainda não tive cabeça para ir atrás disso", afirmou.