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Médico perde movimentos do corpo após AVC raro e escreve livro

O ortopedista Guilherme Freitas que sofreu um raro tipo de AVC (acidente vascular cerebral)  - Renata Tavares
O ortopedista Guilherme Freitas que sofreu um raro tipo de AVC (acidente vascular cerebral) Imagem: Renata Tavares

Renata Tavares

Do UOL, em Uberlândia (MG)

13/08/2015 16h56

Aos 33 anos o ortopedista Guilherme Freitas, hoje com 35, sofreu um raro tipo de AVC (acidente vascular cerebral) que provocou a paralisia dos músculos do corpo. A doença é conhecida como "Síndrome do Encarceramento". Quase três anos depois de ficar praticamente tetraplégico, Freitas apresentou melhoras: consegue comer sozinho, ficar de pé com a ajuda de um aparelho e começou a escrever um livro com sua história.

O livro "O quarto 65 - Uma janela para a vida", cujo título diz respeito ao quarto onde passou os primeiros meses após o AVC, foi escrito com o auxílio de um teclado virtual que facilita a digitação.

"Se eu tenho um problema eu não o fico pensando nele, mas sim nos ganhos e no aprendizado que me trará. Passei a ver a vida de outra forma. Eu sempre pensei em escrever um livro, mas não que ele fosse sobre mim", escreveu.

Os sintomas da doença se manifestaram quando ele se preparava para uma viagem para o Chile. Logo após arrumar as malas, ainda em casa, sentiu fortes dores de cabeça, perdeu os sentidos e desmaiou. Foi levado imediatamente para o hospital e lá passou 30 dias internado, sendo 17 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em coma.

O diagnóstico, segundo a mãe Leila Freitas, veio quando Guilherme ainda estava internado e depois de passar por duas cirurgias, a de traqueostomia e trombólise. Segundo a mãe, Guilherme acordou do coma sem falar, comer, respirar e tampouco tomar água sozinho.

"A única coisa que ele fazia era olhar para cima e para baixo com o globo ocular. Nós sentíamos que ele estava angustiado, preso dentro dele mesmo. Foi muito doloroso para todos", relata.

O ortopedista então passou a se comunicar com os olhos. Para isso, a mãe criou uma tabela com as letras do alfabeto do tamanho da palma da mão, que atingia o campo de visão do filho. "Ele apontava as letras, piscava e formava as frases", explica.

Há quase três anos, Guilherme tem uma rotina focada na recuperação dos movimentos do corpo. Faz tratamento com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e médicos especializados.

Graças a essa dedicação, segundo a mãe e o pai, Luizote de Freitas, o médico tem se recuperado gradualmente.