Multitarefa existe mesmo e algumas pessoas são melhores nisso, diz estudo
Antes de você acabar de ler esse texto, você o terá abandonado ao menos uma vez. O telefone vai tocar. As redes sociais vão apitar. Algo chamará sua atenção. Esse novo comportamento o qual já estamos acostumados é chamado de multitarefa e consiste em fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Agora, cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim e da Universidade de Medicina de Berlim, na Alemanha, descobriram a chave para essa troca de funções no cérebro.
Os pesquisadores estudaram as redes neurais no córtex frontal do cérebro, uma região que é associada ao controle dos pensamentos e das ações. Ao mapear a atividade nesta área, descobriu-se que essas redes se reconfiguram sozinhas durante a mudança de ação. Ou seja, seus neurônios se reconfiguram para trocar da leitura para o celular, por exemplo, e isso determina a chamada “flexibilidade cognitiva”. Algumas pessoas têm essa flexibilidade mais aguçada que outras. Isso significa que uns só conseguem focar em uma coisa e outros conseguem focar e desfocar rapidamente em várias coisas sem tanta perda de atenção. O estudo foi publicado no início de setembro na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).
Para entender o funcionamento do cérebro durante a multitarefa, os pesquisadores alternaram testes de memória e testes de controle enquanto monitoravam os córtices frontais dos voluntários. Eles conseguiram definir quais partes do cérebro são ativadas e quais “conversam” a cada mudança de foco. Assim, foi possível mapear a forma como essa rede de atividades se reconfigura em nossa cabeça, fornecendo uma visão mais ampla de como o cérebro de fato trabalha. Os pesquisadores se basearam, ainda, em um estudo anterior que concluía que as pessoas que conseguiam ‘desligar’ com mais rapidez seus córtices frontais se saiam melhor quando tentavam ser multitarefas.
A compreensão de como funciona o cérebro durante o comportamento multitarefa pode levar a terapias melhores em casos como autismo, esquizofrenia ou demência. As três condições estão associadas à redução da função executiva do cérebro (ligada ao planejamento e à execução das atividades, incluindo a iniciação de tarefas, a memória e atenção, por exemplo).
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