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Estudante morre após tomografia em hospital particular de Campinas (SP)

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

17/11/2015 12h37Atualizada em 18/11/2015 12h28

A estudante Petra Heleno, 18, morreu nesta segunda-feira (16) após passar por uma tomografia computadorizada no Hospital Vera Cruz, em Campinas (a 93 quilômetros de São Paulo). Ela, que fez o exame para descobrir a origem de uma dor de garganta que não melhorava com tratamento, teve um choque anafilático --reação alérgica ao contraste iodado utilizado no exame.

Petra já estava internada na unidade, quando passou pelo procedimento no último sábado (14). O hospital disse, em nota, "a paciente e família não tinham o conhecimento de que esta possuía restrições e comprometimentos alérgicos quanto ao contraste" quando preencheram a documentação exigida para a realização do exame.

A paciente foi socorrida por um médico alergologista assim que foram percebidas as primeiras reações do início de choque anafilático e transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ela teve morte cerebral às 14h56 desta segunda-feira (16).

Em nota, o hospital lamentou "que o desfecho deste relato não correspondeu aos nossos desejos e expectativas” e ressaltou que, segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia, com base em estudos internacionais, as reações adversas ao exame feito com iodado iônico acontecem numa proporção de 1 para cada 150 mil pacientes e, entre os que apresentam alguma reação, as mortes acontecem uma a cada 15 mil. 

Mortes após ressonância

Em janeiro de 2013, três pessoas morreram no Hospital Vera Cruz após a realização de exames: Pedro José Ribeiro Porto Filho, 36, Mayra Cristina Augusto Monteiro, 25, e Manuel Pereira de Souza, 39.

Depois de quase cem dias de investigações, a polícia concluiu que as vítimas receberam na veia, por engano, 10 mililitros de perfluorocarbono (substância industrial), que era armazenada pela clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC) em bolsas reaproveitadas de soro fisiológico, sem identificação, motivo que teria induzido ao erro uma auxiliar de enfermagem que trabalhava no local havia dez dias.

O juiz Gustavo Pisarewski Moisés, da 6ª Vara Cível, condenou em março do ano passado o hospital e a clínica RMC a pagarem uma indenização de R$ 1 milhão aos pais de Porto Filho por danos morais, mas ainda cabe recurso.

O delegado José Carlos Fernandes da Silva, do 1° Distrito Policial de Campinas, afirmou que não houve registro de boletim de ocorrência para apuração da morte de Petra Heleno. Segundo ele, a advogada da família considerou que não houve problema no procedimento do hospital, por isso não prestará queixa. 

A jovem foi sepultada nesta manhã.

"Ainda não acreditamos. Ela era uma aluna muito querida. Estamos muito comovidos. Parece que ela ainda vai chegar aqui”, disse o coordenador pedagógico Anderson Gama, do Colégio Crescer, onde a jovem estudava há sete anos e cursava o 3° ano do Ensino Médio.