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Com medo de microcefalia, médica foge do Recife por "gestação segura"

A pediatra Gabriela Raposo, 32, está grávida há 12 semanas. Ela saiu do Recife no dia 14 de novembro e não tem data para retornar - Arquivo Pessoal
A pediatra Gabriela Raposo, 32, está grávida há 12 semanas. Ela saiu do Recife no dia 14 de novembro e não tem data para retornar Imagem: Arquivo Pessoal

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)

30/11/2015 06h00

O desejo de ter o segundo filho saudável e o medo de ter uma criança com microcefalia levaram a médica pediatra Gabriela Raposo, 32, a deixar o Recife - onde mora com marido e filho - e ter uma "gestação segura" em Brasília, onde está hospedada no apartamento de uma prima também gestante.

 

Grávida com 12 semanas de gestação, Gabriela Raposo deixou o Recife no dia 14 de novembro, levando junto seu filho de dois anos. À época, os casos começavam a ser registrados em massa no Estado, sem ainda uma confirmação da causa.

 

No domingo (29), o governador Paulo Câmara decretou estado de emergência por conta do alto índice de infestação do mosquito Aedes Aegypti –transmissor da dengue, da febre chikungunya e da zika.  No sábado (28), o Ministério da Saúde confirmou a ligação entre o zika vírus e os casos de microcefalia no Nordeste

 

“A gente sabia que estava tendo um surto, mas não era certeza. Como estou no primeiro trimestre de gestação, quando ocorre a formação do sistema nervoso, conversamos com pessoas da área. Apesar de sermos médicos --ela é casada com um urologista-- procuramos pessoas que estavam mais por dentro e ficamos assustados com a frequência de casos. Não sabia nem como se prevenir na época, então decidi vir para cá”, contou.

 

A ideia da pediatra é ficar ao menos até o fim do ano, quando entrará no quinto mês de gestação. Mas não há certeza na data de retorno à vida no prédio onde mora, no bairro de Poço da Panela, na capital pernambucana.

 

“Aqui posso viver praticamente normalmente, embora esteja com todos os cuidados, usando calça e camisas longas sempre, e usando repelente. Tem que se prevenir, mas aqui tem bem menos casos”, disse.