RN investiga morte por febre amarela em 1º caso urbano após 73 anos
A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) informou nesta terça-feira (29) que investiga a morte de uma mulher em julho, em Natal, para a qual exames indicaram resultado positivo para febre amarela. O caso chamou a atenção porque o Estado não é classificado como área de risco pelo Ministério da Saúde e não há registro de ocorrências na região. A vítima também não fez viagens a áreas endêmicas.
Os exames que apontaram a doença foram feitos pelos laboratórios do Instituto Evandro Chagas, em Belém; e do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Ambos são referência nacional para testes desse porte.
A vítima foi a auxiliar de enfermagem Rita de Cassia da Silva Santos, 53. Ela foi internada em 2 de julho, mas morreu quatro dias depois. O caso está sendo analisado em conjunto pela Secretaria de Saúde de Natal e pelo Ministério da Saúde. Tanto o Estado quanto a prefeitura pediram exames de contraprova para comprovar a doença.
Sintomas confundidos
Segundo informou a Sesap, a paciente apresentava sintomas iniciais similares a dengue ou zika, mas as duas doenças foram descartadas por exames laboratoriais. A partir daí, iniciou-se a pesquisa para outras viroses, que culminou no achado do vírus da febre amarela.
O caso intrigou a Sesap. “Até o momento ainda não se encontrou uma explicação clara para os resultados iniciais, já que não há histórico de viagens da paciente para áreas endêmicas e não foram detectados outros casos no município”, informou.
Por conta do questionamento, uma ação está realizando a coleta de insetos e do material biológico dos primatas para pesquisa do vírus.
“Uma das hipóteses é que o exame tenha dado positivo em virtude de a paciente ter sido vacinada contra a febre amarela, mesmo há décadas passadas. Está sendo feita uma pesquisa do seu histórico vacinal nas unidades de saúde, e o ministério também cogita a possibilidade de realizar exames laboratoriais mais detalhados”, afirmou.
Segundo a Secretaria de Saúde de Natal, são feitas coletas rotineiras de mosquitos Aedes aegypti (possível transmissor da doença) em Natal, que são investigados pelos vírus constantes, e não há qualquer registro de febre amarela. O órgão deve se pronunciar em uma entrevista coletiva marcada para as 16h de Brasília (15h no horário local).
A doença
Segundo o Ministério da Saúde, a febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus, que pode levar à morte em cerca de uma semana se não for tratada rapidamente. A doença é comum em macacos, que são os principais hospedeiros do vírus.
Existem dois tipos da doença: a urbana e a selvagem. A diferença entre elas é o vetor: o Aedes aegypti é responsável pelo tipo urbano, e os gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem a selvagem. O vírus transmitido é o mesmo, assim como a doença resultante da infecção.
Segundo o ministério, desde 1942 o Brasil não registra casos de febre amarela urbana.
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