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Mães comemoram descarte de microcefalia como "segundo nascimento" de filhos

Tiago Santos, 32, e Liliane da Silva, 23, saíram da fazenda onde moram em Coruripe e fizeram o exame na pequena Ester  - Beto Macário/UOL
Tiago Santos, 32, e Liliane da Silva, 23, saíram da fazenda onde moram em Coruripe e fizeram o exame na pequena Ester Imagem: Beto Macário/UOL

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

30/12/2015 06h00

Aos 29 dias de vida, a pequena Ester ganhou nesta segunda-feira (29) uma nova data para comemorar o resto da vida. Notificada como caso suspeito de microcefalia, a criança foi com os pais de Coruripe (80 km de Maceió) ao Hospital Geral do Estado, na capital alagoana. Depois de tantos dias, era o momento da esperada tomografia computadorizada, que iria confirmar ou descartar o problema.

Acompanhados de uma enfermeira da cidade, os pais Tiago Santos, 32, e Liliane da Silva, 23, saíram da fazenda onde vivem com esperança e voltaram a Coruripe com a melhor notícia possível: a filha é normal, e a microcefalia foi descartada.

"Estava apreensiva, não tem como não ficar, mas eu estava crente em Deus e tinha fé que não daria nada. Estou muito feliz! Vou à Igreja agradecer a Deus por tudo”, contou Liliane, citando os sinais que a fizeram acreditar que a filha é sã. “Ela é esperta, ativa, mama; não é dessas quietinhas. A médica mesmo disse que você fala com ela, e ela olha, esperneia, chora”, complementou.

Ester é a primeira criança do casal e nasceu com 41 semanas de gestação e perímetro cefálico de 32 centímetros –percentual máximo preconizado pelo Ministério da Saúde como notificação de microcefalia. Por isso precisou ser trazida a Maceió para exame de imagem e avaliação clínica. “Minha mulher não teve nada na gravidez, só na reta final que teve pressão alta. No pré-natal também não deu nada”, disse Tiago.

Em Pernambuco, Estado líder de casos suspeitos, um dos que deixou a lista foi Guilherme, filho da agricultora Sandra Lúcia Simeão, 29, e morador de um povoado em Afogados da Ingazeira (370 km do Recife).

O bebê nasceu com 33 cm de perímetro e precisou passar por uma avaliação. “Há 15 dias estive no hospital no Recife, e ele passou por avaliação, mas nem foi preciso fazer tomografia. O médico avaliou e logo descartou”, contou a mãe, que passou o Natal aliviada. “Foi uma alegria muito grande, um segundo nascimento. Agora é viver e criar meu filho normal.” 

Descartes já ocorrem

Os Estados já estão descartando muitos casos suspeitos. Em alguns locais, o número de notificações caiu nesta semana. Segundo o boletim desta terça-feira (29) do Ministério da Saúde, três Estados apresentaram redução no número de notificações: Mato Grosso (de 78 para 72) Minas Gerais (de 52 para 18) e Tocantins (de 58 para 49). No país são 2.975 notificações

Em Pernambuco, com 1.153 notificações até o momento, os exames para confirmação ainda ocorrem de forma lenta. Segundo a Secretaria de Saúde, pouco mais de 10% tiveram diagnóstico para comprovação ou descarte. Ao todo, 89 casos foram confirmados e 42, descartados.

O Estado é um dos poucos que ainda avalia casos de recém-nascidos com perímetro cefálico de 33 cm (o Ministério mudou o critério para análise apenas dos que tem 32 cm ou menos). 

A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que, independente do diâmetro do perímetro cefálico, a tomografia só é realizada nas crianças que os médicos avaliarem que existe a necessidade de confirmação ou descarte por exame de imagem.