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Quantas vezes você pode usar a mesma roupa de cama?

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Imagem: iStock

Paula Moura

Colaboração para o UOL

01/02/2016 06h00Atualizada em 03/03/2016 09h38

Trocamos de pele o tempo todo, inclusive quando estamos dormindo. E essas células mortas ficam na roupa de cama. Se fosse só essa a sujeira, menos mal, mas essas células mortas são um alimento bem atrativo para micro-organismos. Entre eles, estão as bactérias da nossa própria pele, que não costumam fazer mal, mas também os ácaros, que são invisíveis aos nossos olhos e velhos conhecidos das pessoas que têm alergia.

Entre os esconderijos favoritos desses bichos estão os colchões e travesseiros. “O que mais vamos encontrar em nossas roupas de cama são os ácaros”, explica Ralcyon Teixeira, infectologista do Hospital Emílio Ribas. “Eles vão se acumulando dentro do colchão e do travesseiro, que são feitos de fibras naturais ou semi-sintéticas.”

Troca semanal

Os especialistas ouvidos pelo UOL concordam que não há um tempo máximo ou mínimo, o que importa é o bom senso. "Mas, pensando nos ácaros, o ideal é trocar semanalmente. Quanto menos ácaros, menores serão os problemas com rinite alérgica, asma e alergias de pele”, diz Teixeira. “Um ambiente sempre arejado também é o mais recomendado.”

No caso dos cobertores e edredons, basta lavar no início e ao final da estação de uso, explica a microbiologista Maria Teresa Destro. "Durante o uso, eles devem ser colocados para tomar ar pelo menos uma vez por semana." 

Para limpar os lençóis e fronhas de pessoas saudáveis, basta lavá-los com sabão em pó e secar preferencialmente ao sol, cujos raios ultravioleta matam os ácaros.

“Para crianças com menos de três anos, que são mais sensíveis, é recomendável passar também”, diz Maria Teresa, professora associada da USP (Universidade de São Paulo). “Uma vez por semana ou a cada quinze dias é recomendável passar um aspirador de pó no colchão e no travesseiro.”

Limpeza mais intensa no calor

Gustavo Johanson, infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), lembra que o clima influencia muito. “Vai do bom senso e, se o clima está muito quente, suamos mais e o ideal é trocar a cada dois ou três dias. Em clima mais seco e frio, troca-se com menos frequência. O calor, o suor e a pele morta são ambientes ideais para a proliferação de microrganismos”, explica.

Outros microrganismos que podem aparecer são os fungos, que podem causar doenças ou não. E há outros dois insetos que podem habitar as roupas de cama de pessoas saudáveis: as pulgas e os percevejos. “Os percevejos são mais comuns no hemisfério Norte e chegam até a ser encontrados camas de hotéis de quatro, cinco estrelas. A única forma de eliminá-los é se desfazer do colchão. Já a pulga pode ser eliminada com limpeza do colchão e da roupa de cama”.

Em caso de doença

A coisa muda de figura se uma pessoa tiver doenças como escabiose (sarna), pediculose (piolho), chato (piolho pubiano), oxiúros, micoses, machucados e escaras (feridas que se formam quando pessoa fica muito tempo na cama). Nesses casos, os especialistas recomendam lavar todos os dias, evitar chacoalhar o lençol ao retirá-lo e lavar com água quente acima de 60° C, secar na secadora ou passar na mesma temperatura.

A microbiologista Maria Teresa também recomenda o uso de um protetor entre a cama e o lençol para crianças e idosos que possam ter problemas para conter a urina à noite.

“O colchão é feito de espuma e absorve a umidade, por isso é preciso limpar com água e deixar secar completamente. Secar é a melhor coisa, pois sem umidade não cresce bactéria”, diz.

Para manchas de menstruação, ela recomenda a higienização com água oxigenada volume 10, que quebra as moléculas de sangue. E, para as famílias que têm condições de contratar uma limpeza com vaporização de colchão, ela sugere que seja feita a cada seis meses.