Medo da zika faz grávidas que moram no exterior desistirem do Brasil
"Ficamos em pânico quando começamos a ver as notícias sobre a zika e a microcefalia. Já estávamos vendo tudo para nos casar no Brasil, mas desistimos", conta a estudante brasileira Rayane Garcia, 25, grávida de cinco meses. Ela, natural de Anápolis (GO), e o namorado Geovane Rosso, 30, de Criciúma (SC), moram na Alemanha e sonhavam com uma grande festa junto da família.
Agora, terão de adaptar-se a uma cerimônia menor. O medo de ela ser contaminada com o vírus e passá-lo ao bebê falou mais alto.
"Toda mulher quer ter a família junto quando vai se casar. Você planeja tudo direitinho e de repente tem que cancelar porque não tem outra opção. É um choque", diz. "Mas minha família ficou aliviada, por mais que seja uma felicidade muito grande ver a filha casando."
O plano era casar na igreja e alugar um sítio para a festa, mas agora o casal fará uma festa simples em um restaurante da Alemanha, "para não passar em branco", e pretende fazer a festona quando o surto acabar, apesar de não saber quando isso será possível.
"Também vamos ter o bebê aqui, porque é muito arriscado colocar a saúde do nosso filho em risco", diz Rayane. "Do jeito que o Brasil anda seria burrice voltar. Além do zika tem a dengue, a crise econômica. Está tudo muito incerto. É melhor prevenir do que remediar."
A relação entre a contaminação por zika e o nascimento de bebês com microcefalia (quando o cérebro não se desenvolve normalmente) vem deixando grávidas temerosas. Médicos e o próprio Governo Federal recomendaram às mulheres brasileiras evitar uma gravidez neste momento. Alguns países, como os Estados Unidos, recomendaram às grávidas a não visitarem o Brasil.
‘Primeira decisão que tomei como mãe’
A advogada mineira Débora Beckers, 29, que mora na Holanda, passa por drama semelhante. Grávida de quatro meses, ela, o marido e os sogros vinham passar o último Réveillon no litoral baiano, mas desistiram assim que as notícias sobre os casos de microcefalia ligados ao vírus se espalharam.
Ela cogitou levar a família estrangeira para Belo Horizonte (MG), mas desistiu depois que sua mãe ouviu de três médicos que era arriscado.
"Foi muito triste para mim porque é mais um ano sem ver minha família. Mas foi a primeira decisão que tive que tomar como mãe. E se a minha própria mãe falou para eu não ir, é porque é realmente sério”, conta.
Embora casos de zika já tenham chegado à Europa, Débora acredita que na fria e úmida Barendrecht ela e o filho ficarão a salvo, já que o clima não favorece o mosquito.
"Por aqui não consigo ter a dimensão real do que está acontecendo, embora haja informação. Pouco se sabe se vai ser possível uma vacina. Tenho muita pena das grávidas que estão no Brasil e agradeço por morar aqui", diz.
Débora sonha em passar o próximo Natal com toda a família no Brasil e com o filho que deve nascer em junho.
"Ainda sonho em poder passar o Natal no Brasil, mas só vou se não colocar meu bebê em risco. Não sei quando vou ver minha família inteira. É muito difícil."
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