Brasil receberia maior parte dos US$ 56 milhões da OMS para combate à zika
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou nesta terça-feira (16) um plano estratégico de resposta à epidemia da zika que prevê investimentos globais de US$ 56 milhões, cerca de R$ 225 milhões. Pelos critérios de distribuição dos recursos, o Brasil receberá a maior parte da verba --embora a divisão seja global, a prioridade é para países com presença do Aedes, da zika e de más-formações congênitas e só o Brasil preenche todos esses quesitos.
Países que têm o mosquito, mas não têm a presença de zika, por exemplo, receberão recursos na área de vigilância e controle do vetor.
Ainda não foi divulgado quanto o Brasil irá receber, mas a preocupação com a situação aqui é tão grande que a partir da próxima semana autoridades sanitárias de vários países, incluindo os Estados Unidos, virão ao país --além da diretora da OMS, Margaret Chan, que desembarca no dia 23.
O principal objetivo do plano, segundo a OMS, é "investigar e dar respostas sobre a relação entre zika e microcefalia e outras complicações neurológicas".
Até agora, diversos estudos já ligaram o vírus à microcefalia, mas ainda não se sabe se a zika sozinha causa a microcefalia ou se estaria aliada a outro fator, por exemplo, algo que facilitasse sua entrada na placenta, para causar a má-formação.
As ações previstas para o Brasil envolvem vigilância, campanhas, controle do mosquito, cuidados médicos e pesquisa.
Serão quase US$ 15,5 milhões para engajamento das comunidades e mais de US$ 14,2 milhões para assistência às pessoas afetadas. Mais US$ 7 milhões irão para vigilância (que inclui diagnósticos e monitoramento da microcefalia), US$ 6,4 milhões para controle do Aedes aegypti e US$ 6,3 milhões para pesquisas.
O surto de microcefalia com possível relação com a zika fez a OMS declarar em 1º de fevereiro emergência de saúde pública mundial.
De onde vem o dinheiro?
A OMS e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) financiarão US$ 25 milhões, enquanto US$ 31 milhões serão divididos entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) e outros parceiros.
Mais R$ 500 milhões, de um fundo planejado para o ebola, podem ser destinados ao combate da emergência internacional causada pelo Aedes aegypti. E o Banco Mundial trabalha na formação de um fundo internacional de US$ 500 milhões para combate de pandemias que poderia ser utilizado no surto de zika.
A ideia de criação do fundo da OMS começou a ser discutida no ano passado, em resposta ao surto de ebola, e ganhou nova urgência com a zika. A arquitetura financeira da iniciativa ainda está sendo discutida e deve envolver um misto de emissão de bônus, contribuição de países e instrumentos de seguro.
O embaixador da União Europeia, João Gomes Cravinho, anunciou ontem a abertura de uma linha de crédito de 10 milhões de euros para financiar pesquisas relacionadas ao vírus da zika. A ideia é que consórcios formados por institutos, incluindo brasileiros, inscrevam-se para participar da disputa. As regras serão publicadas em março e a expectativa é de que até julho os trabalhos escolhidos sejam divulgados. (Com Estadão Conteúdo e agências internacionais)
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