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Brasil tem 745 casos confirmados de microcefalia e alterações neurológicas

Ueslei Marcelino/Reuters
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo

09/03/2016 16h13Atualizada em 29/03/2016 18h07

Chegou a 745 o número de crianças com diagnóstico confirmado para microcefalia ou outras alterações neurológicas no país desde outubro de 2015. Até o momento, 1.182 casos com suspeita foram descartados. Há ainda 4.231 casos notificados em investigação. O Ministério da Saúde acredita que a maioria dos casos confirmados está associada ao vírus da zika.

Os casos confirmados estão em 18 Estados de todas as regiões do país, mas se concentram na região Nordeste, que tem 725 crianças com microcefalia ou lesões neurológicas.

Ao menos 37 bebês morreram após o parto ou durante a gestação devido a alterações no sistema nervoso central. Outras 102 mortes estão sendo investigadas. 

As notificações são tanto de bebês com cabeça menor do que o esperado, quanto de fetos que apresentam problemas de formação no cérebro ainda na barriga -- mas que possuem perímetro cefálico normal. Todos passam por exames para detectar se há má-formação e se ela foi provocada por uma infecção na mãe, só então entram na contagem de casos confirmados - não só de microcefalia, portanto, mas também de alguma lesão cerebral.

Segundo o Ministério são casos confirmados aqueles que apresentam alterações típicas indicativas de infecção congênita, como calcificações intracranianas, dilatação dos ventrículos cerebrais ou alterações de fossa posterior entre outros sinais clínicos observados por qualquer método de imagem ou identificação do vírus da zika em testes laboratoriais. Por isso, os especialistas já estudam chamar a condição dos bebês de "síndrome da zika congênita" e não só microcefalia.

Ministério segue OMS e muda critério

Desde o fim do ano passado, o Ministério da Saúde investiga se as crianças nascidas com cabeça menor que 32 cm têm lesões neurológicas. O governo, no entanto, vai alterar a medida usada para notificação de microcefalia e adotar os parâmetros anunciados recentemente pela OMS (Organização Mundial de Saúde). 

A partir de agora serão notificados como casos suspeitos de microcefalia meninas que nascerem com o perímetro cefálico menor que 31,5 centímetros e meninos com menos que 31,9 centímetros. A nova padronização vale para bebês nascidos com 37 ou mais semanas de gestação.

No caso de bebês prematuros, os profissionais de saúde estão capacitados para avaliar o perímetro encefálico do feto de acordo com o esperado para a semana gestacional.

“Isso vai evitar que crianças normais entrem nas estatísticas e que as mães fiquem preocupadas", afirmou o coordenador-geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública, Wanderson Oliveira. 

Oliveira salientou que os novos parâmetros não resultarão no descarte de casos já notificados. “Todas as crianças que foram notificadas serão acompanhadas. Caso nasça com perímetro cefálico normal e venha apresentar algum problema, será acompanhada pela pediatria", afirmou.

Vale lembrar que o governo brasileiro classifica como microcefalia a má-formação do cérebro em que o tamanho é o principal sinal, mas pode haver bebês com cabeças pequenas e sem lesões neurológicas. As lesões são confirmadas por exames de imagem.

Sexo com camisinha para grávidas

Seguindo as diretrizes da OMS, o Ministério da Saúde passou a recomendar às grávidas que façam sexo com camisinha com os seus parceiros que estiveram em regiões endêmicas para o vírus da zika. O alerta acontece após Estados Unidos, França e Itália apontarem casos de suspeita de transmissão sexual do vírus. 

“É evidente que gestantes precisam tomar mais cuidados, principalmente porque a maioria das pessoas não manifestam sintomas", disse Marcelo Castro, ministro da Saúde.

41 países desde 2015

 A OMS recebeu notificações de presença do vírus da zika em 41 países desde 2015, quando o Brasil alertou para uma associação entre o vírus da zika e lesões neurológicas.

A maioria das áreas está nas Américas do Sul e Central, onde há 31 países e territórios em que o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti.

Segundo balanço da OMS, oito países registraram aumento de casos da Síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisia muscular.