Pela 1ª vez, estudo mostra como vírus brasileiro da zika atua no cérebro
O vírus da zika em circulação no Brasil é capaz de alterar o desenvolvimento de células do cérebro, matá-las e gerar malformações, apontou pesquisa publicada em versão preliminar nesta segunda-feira (9). Estudos anteriores já tinham demonstrado o poder de outros variantes do vírus de atacar o órgão.
"É a primeira vez que avalia-se o efeito do variante brasileiro [do vírus da zika] em células neurais humanas. Confirmamos que infecta e mata, mas antes disso faz com que as células-tronco neurais parem de se dividir", explica Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), um dos autores do estudo. A pesquisa foi feita por um consórcio brasileiro entre IDOR, UFRJ, Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Fiocruz, Instituto Evandro Chagas de Belém e Universidade Federal do Pará.
O pre-print, como é chamado, é uma versão preliminar de um estudo que é publicada para conhecimento e análise dos demais cientistas antes de ser aceita e revisada para sair em alguma revista científica. Em casos como o do vírus da zika, em que cientistas do mundo inteiro estão pesquisando o mesmo tema e é uma urgência mundial, a iniciativa é importante para obtermos resultados mais rapidamente.
"Ninguém sabia como iria se comportar o variante brasileiro no modelo de neuroesferas humanas [estruturas celulares que reproduzem o cérebro em formação]. Usando uma combinação de técnicas sofisticadas de transcriptoma e proteômica, identificamos mais de 500 genes/proteínas alterados pela infecção da zika brasileira em células-tronco neurais humanas", diz.
Remédio para tratar está mais próximo
O pesquisador destaca que esses genes e proteínas servirão na busca por medicamentos que reduzam os danos causados pela zika no sistema nervoso. Eles já estudam um remédio contra a malária que apresentou resultados favoráveis no combate à zika.
Estudos mostraram que a droga protegeu neurosferas em até 95%. As estruturas foram expostas ao zika e depois tratadas, por cinco dias, com cloroquina em diferentes concentrações. Os testes mostraram que a droga inibiu a infecção e reduziu o número de neurônios infectados, protegendo-os contra a morte pelo vírus.
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