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Hospital com pacientes de febre amarela está com tela para mosquito rasgada

Janela de hospital com tela de proteção contra mosquitos rasgada - Asthemg/Divulgação
Janela de hospital com tela de proteção contra mosquitos rasgada Imagem: Asthemg/Divulgação

Rayder Bragon

Colaboração do UOL, em Belo Horizonte

20/01/2017 11h00

Sindicato denuncia a existência de telas de proteção contra insetos rasgadas em ala onde estariam internados pacientes com suspeita de febre amarela, no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte.

O hospital, considerado de referência, recebe ao menos 19 pacientes com suspeita de febre amarela vindos de áreas rurais, onde há um surto da doença. No entanto, há o risco da doença chega a áreas urbanas caso mosquitos Aedes aegypti se infectem com o vírus.

 "Mas se uma pessoa que contraiu dengue na área rural for picada na cidade pelo Aedes aegypti, a doença poderá ser transmitida", explica o infectologista Celso Granato. Os últimos casos de febre amarela urbana foram registrados em 1942, no Acre.

A denúncia foi feita por representantes da Asthemg (Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais), e servidores da saúde fizeram uma manifestação na porta da unidade. A categoria está em greve, mas voltou ao trabalho na unidade hospitalar em razão do recebimento de pacientes com suspeita da doença oriundos de cidades do leste do Estado, onde os casos estão concentrados.

Conforme Carlos Augusto Martins, diretor da Asthemg, alguns pacientes estão no CTI e, outros, em ala de enfermaria. “O mosquito pode picar esses pacientes, porque lá é cercado por uma área verde e tem muitos focos de criadouro do mosquito da dengue, e disseminar a transmissão. Estamos denunciando isso”, disse Martins.

Segundo ele, a primeira denúncia foi feita na sexta-feira passada (13). O dirigente disse ter recebido resposta da Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), órgão do governo responsável pelo hospital, a promessa de que o caso seria resolvido.

“Na segunda-feira seguinte, chamaram a imprensa para mostrar que as instalações das telas estavam sendo feitas. Ontem, nós voltamos lá e percebemos que colocaram ou trocaram telas somente nas janelas frontais do prédio. Mas todas as outras da parte de trás não foram consertadas ou trocadas. O governo está vendendo uma falsa imagem de segurança”, afirmou o diretor.

Ele ainda ressaltou que os próprios funcionários que lidam diretamente com esses pacientes correm riscos. Martins afirma que a direção do hospital teria determinado aos servidores que tomassem a vacina por conta própria.

“O procedimento correto é de ter uma imunização permanente dos funcionários. Isso nunca foi feito. A comissão de funcionários solicitou à direção que fosse providenciada essa imunização, mas a resposta dada foi que eles iriam fazer o levantamento, mas que cada funcionário teria que buscar isso com recursos próprios”, afirmou.

Danos serão corrigidos

Atualmente, 19 pessoas estão internadas no Hospital Eduardo de Menezes pela suspeita de terem contraído febre amarela. Desse total, 15 estão na enfermaria (não foi informado o estado de saúde deles) e quatro no CTI (Centro de Terapia Intensiva).

Por meio de nota, a assessoria da Fhemig, órgão que administra o hospital, informou que as telas foram colocadas nas janelas da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na ala semi-intensiva e na creche. O texto traz ainda que “não houve tempo hábil para colocar nas outras dependências. Quanto a alguns danos, serão corrigidos”.

Com relação à imunização dos funcionários, o setor declarou que um levantamento foi realizado e, após constatação de falta de imunização ou vacinação incompleta, “foi disponibilizado carro imediatamente para levar esses servidores para o posto de vacinação. Todos os servidores sem a vacinação completa foram notificados”.

Até o momento, três pacientes com suspeita da doença morreram no hospital referência.

Pedro Joel e Teresinha de Oliveira, pais de uma das prováveis vítimas de febre amarela silvestre em MG - Douglas Magno/AFP Photo - Douglas Magno/AFP Photo
Pedro Joel e Teresinha de Oliveira, pais de uma das prováveis vítimas de febre amarela silvestre em MG
Imagem: Douglas Magno/AFP Photo

206 casos já foram registrados

Até o momento, o governo de Minas Gerais registrou 206 casos com suspeita de febre amarela, sendo que desses 34 foram confirmados. Há ainda 23 mortes confirmadas por febre amarela silvestre.

A secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou que, até esta quarta-feira (18), o Estado tinha recebido 2 milhões de doses da vacina, do Ministério da Saúde, para reforçar a imunização. O governo estadual solicitou mais 1 milhão de doses.