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Novo remédio reduz em 60% colesterol ruim em pacientes que já se tratam

Novo tipo de medicamento que reduz em cerca de 60% os níveis de colesterol ruim - BernardaSv/iStock
Novo tipo de medicamento que reduz em cerca de 60% os níveis de colesterol ruim Imagem: BernardaSv/iStock

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

03/04/2017 12h00

Um novo medicamento, testado em pessoas que já realizavam o uso de outros remédios, reduz o colesterol ruim (LDL) em cerca de 60% além dos níveis já atingidos anteriormente. A informação consta em estudo publicado na New England Journal of Medicine, que também apontou a redução do risco de infartos e de acidente vascular cerebral em pessoas que sofrem de arteriosclerose.

O teste, realizado com 27.564 pacientes que já adotavam estatina para inibir a formação de colesterol no organismo, causou uma redução de 27% do risco de infarto e de 21% do risco de AVC dos envolvidos.

O estudo apontou que a cada 74 pessoas que tomaram a droga por dois anos um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral foi evitado.

O medicamento, aprovado pela Anvisa desde 2016, é recomendado para quem não responde ao tratamento com estatina, remédio adotado há décadas como tratamento regular por dezenas de milhões de pessoas no mundo com colesterol alto.

A atuação do novo medicamento, o evolocumabe, no corpo é diferente da ação da estatina. Em vez de atuar diretamente na inibição da formação do colesterol, o evolocumabe neutraliza uma proteína (PCSK9) que impede que o fígado elimine o colesterol ruim do corpo. 

"Quanto mais proteínas PCSK9 você tem no corpo, menos receptores ativos no fígado você tem [para bloquear o colesterol]. Ao bloqueá-los, você aumenta a reciclagem desses receptores que captam e eliminam o colesterol", explica o cardiologista Francisco Fonseca, presidente da Sociedade Latino-Americana de Arteriosclerose.

Os dados, no entanto, mostram que a droga não teve impacto na redução da mortalidade cardiovascular. 

O evolocumabe aparece como alternativa para quem não podem se medicar com estatina, por conta de efeitos colaterais ou de respostas não satisfatórias no tratamento da doença --tanto a FDA quanto a Anvisa recomendam o remédio a portadores de hipercolesterolemia familiar homozigótica, hipercolesterolemia e dislipidemia mista.

Quando usado em níveis máximos, a estatina reduz em média 50% do nível de colesterol ruim no corpo, explica Fonseca. A média geral de redução, porém, é um pouco mais baixa, entre 30% e 50%, já que nem todos que têm este tipo de colesterol podem tomar os níveis máximos de estatina no tratamento.

"Entre 10% e 20% de pacientes não pode tomar o nível máximo de estatina por conta de dores musculares. Além disso, 1 a cada 300 pessoas tem alterações genéticas que faz com que tenham um nível muito alto de colesterol, que só a estatina não é suficiente no tratamento", afirma o cardiologista.

Efetivo, mas caro

"Os testes mostraram que ele é muito efetivo e muito seguro também, porque estes anticorpos monoclonais agem só no plasma e não dentro dos tecidos, dentro das células", indica Fonseca.

A grande restrição ao uso do medicamento, no entanto, é seu preço --cerca de R$ 33 mil por ano, no Brasil. "Esse medicamento ainda tem um custo elevado, não pode ser empregado por todas as pessoas", diz Fonseca, frisando que ele deve ser reservado "aos indivíduos com maior risco cardiovascular".

No Brasil, a principal causa de morte são as doenças cardiovasculares --em 2014, foram registradas 340.284 mortes relacionadas à doenças do aparelho circulatório