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Acorda com tudo ou tem sono de pedra? São sinais de que você não dorme bem

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Imagem: iStock

Marcelle Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/06/2017 04h00

Enquanto uns dormem pesado a noite toda, outras pessoas costumam despertar com qualquer barulho. Mas o que diferencia os segundos dos “bons de cama”? Especialistas indicam que hábitos, genética e algumas doenças, como depressão e ansiedade, são questões decisivas para ter ou não uma restauradora noite de sono.

“Uma pessoa que não consegue aprofundar muito o sono ou desperta várias vezes durante a noite pode ter alguma predisposição genética, problemas emocionais, psicológicos ou hábitos inadequados”, afirma Rosana Cardoso Alves, neurologista e especialista em medicina do sono.

A médica explica que, de modo geral, um adulto deve dormir entre 7 e 9 horas por noite, com ciclos de sono compostos por quatro fases: 1, 2, 3 e REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos). Nas três primeiras, o corpo sai do estado de vigília e entra aos poucos em um processo de desaceleração do metabolismo (temperatura e batimentos cardíacos caem e a respiração fica mais leve), mas é no REM que entramos no sono profundo.

É nesta etapa, que dura entre 20% e 25% da noite, em que acontecem sonhos, picos de pressão e de batimentos cardíacos e descargas de adrenalina.

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Imagem: Getty Images

Sono leve?

O sono que chamamos de leve, portanto, é o que a medicina entende como a primeira fase, onde há mais chances de despertar e que deve durar apenas 10% da noite. De acordo com a médica Lia Bittencourt, especialista da Associação Brasileira do Sono, ficar muito tempo na etapa de sono leve pode ser sinal de ansiedade ou depressão.

“O depressivo acorda no meio da noite e fica com pensamentos ruins ou acorda cedo demais”, diz.

Os ansiosos, por sua vez, aproveitam o silêncio das primeiras horas de vigília para pensar nos problemas, planos ou compromissos do dia seguinte.

Nesses casos, diz Bittencourt, é importante não usar remédios para dormir, mas procurar um especialista para, primeiro, tratá-las com psicoterapia e, se necessário, medicamentos para esta finalidade. “Se não tratarmos a doença, vira um ciclo vicioso, porque quanto menos você dorme, pior fica a ansiedade e a depressão”, diz.

Mudanças de hábito, como levantar e anotar as ideias para não ficar pensando nelas durante a noite ou fazer exercícios de relaxamento, também são válidas.

Dormir rápido também é mau sinal

Nem sempre “dormir como uma pedra” é sinal de que está tudo bem. Ficar pouco tempo na fase 1 do sono, por exemplo, pode indicar que ele não tem sido de qualidade.

Pessoas que deitam e dormem muito rápido podem estar cansadas e sonolentas porque não dormiram o suficiente na noite anterior. O normal é custar um pouco a dormir e alternar entre o sono profundo e o sono leve.”

Lia Bittencourt, especialista em medicina do sono

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

Ronco é mau sinal

De acordo com Alves, outro alerta é quando a pessoa ronca durante a noite. “Apneia significa que o indivíduo tem alguma alteração respiratória durante o sono e isso é uma das causas de sonolência excessiva durante o dia”, afirma.

Segundo a ABS, 32,9% dos paulistanos têm Apneia Obstrutiva do Sono, mas menos de 20% deles têm o diagnóstico da doença. O problema é que, além de comprometer a sua noite de noite, quem ronca também costuma atrapalhar outras pessoas de dormir bem.

Quem não dorme direito, seja porque acorda muito à noite, não consegue atingir o sono profundo ou ronca demais, pode apresentar problemas de concentração, de memória e queda de desempenho nos estudos e no trabalho.

As especialistas explicam que cumprir todo o ciclo é um processo importante, já que é durante o sono que acontece a manutenção do equilíbrio geral do organismo e consolidação da memória, por exemplo.

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Imagem: Shutterstock

Como ter uma noite bem dormida

Para quem não consegue descansar durante a noite, o primeiro passo, segundo as especialistas, é mudar alguns hábitos. “É importante acertar um pouco a rotina e estabelecer horários para dormir e levantar, evitar chá preto, café e outros estimulantes à noite, retirar elementos eletrônicos do quarto e reduzir, na medida do possível, os ruídos”, afirma a médica do Fleury.

Uma hora antes de ir para a cama, as médicas recomendam a diminuição da luz e dos estímulos visuais, como os de computadores e smartphones, além de evitar alimentos pesados no jantar. Praticar esportes pouco antes de ir para a cama ou ingerir álcool também podem afetar a qualidade do sono.

“Se você perdeu o sono ou está demorando para dormir, eu recomendo sair da cama e fazer uma atividade relaxante, como ouvir uma música calma ou fazer meditação. Quando começar a sonolência, você volta para a cama ”, diz Bittencourt. “Ficar ali acordado vai potencializando o medo de não dormir”.