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Por que picada de pernilongo e afins coça tanto? Como sanar e evitar reação

Pode coçar picada de pernilongo e borrachudo? O que fazer? - iStock
Pode coçar picada de pernilongo e borrachudo? O que fazer? Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

28/01/2023 04h00

Verão é sinônimo de sol, praia, chuva, e também de mais mosquitos e, consequentemente, muita coceira. Mas, por que uma minúscula picada de pernilongo ou borrachudo é capaz de provocar tanto efeito?

A saliva dos insetos é composta por um coquetel de proteínas —anticoagulante, vasodilatador, antiplaquetário— que facilita a absorção do sangue, mas acaba provocando uma reação alérgica em seu alvo (que no caso é você ou eu).

"O que varia entre um inseto e outro é a quantidade dessas proteínas", afirma Ricardo Lourenço, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz da Fiocruz.

Outra diferença entre as espécies de insetos comuns no verão, de acordo com o especialista, está na forma como eles bebem o sangue.

Enquanto o pernilongo usa o bico como uma espécie de agulha para chegar até o sangue, o borrachudo e o maruim (mosquitinho do mangue), como têm o bico curto, rasgam a pele.

"É justamente por isso que as picadas de borrachudo e maruim irritam e inflamam mais."

A reação alérgica causada pelas picadas varia de pessoa para pessoa, alerta Cristiana Abdalla, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês (SP). Há pessoas que nem sentem nada, mas outras apresentam coceiras, vermelhidão e até inchaços no local da picada. O normal é que as coceiras se prolonguem por até cinco dias.

Ela recomenda a visita a um médico em casos extremos. "Se você perceber que a sua reação à determinada picada saiu do habitual, vale procurar ajuda de um especialista."

Isso porque, em casos mais graves, é possível que uma simples picada de inseto cause um choque anafilático —uma reação alérgica que dificulta a respiração, causa náuseas, vomito, tontura, sensação de desmaio, suores intensos e aumento dos batimentos cardíacos.

"Não são comuns, mas são possíveis", destaca Lourenço.

Pode coçar?

Quem já foi picado sabe o quanto a coceira pode ser incontrolável. A notícia é que coçar está liberado, de acordo com Abdalla.

"A coceira é um mecanismo de defesa e coçar pode aliviar um pouco o incômodo, mas cuidado. Certifique-se que está com as mãos limpas e evite usar as unhas para não irritar ainda mais a pele ou causar feridas, que podem ser a porta de entrada para uma infecção secundária."

Há quem use cremes de cânfora, limão, aveia, vinagre e até amaciante de carne ou mel para aliviar a coceiras. Mas não há nenhuma comprovação científica de que essas dicas caseiras realmente ajudem a sanar o incômodo.

Portanto, segundo Lourenço, é melhor evitá-las para não correr o risco de intensificar o processo alérgico ou até gerar um segundo problema.

O pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz recomenda a boa e velha compressa de gelo, que "diminui o processo inflamatório, a sensação de coceira e a vermelhidão". A medida é paliativa.

Cuidados preventivos

O importante mesmo é investir nos cuidados preventivos.

"Além de causarem a reação alérgica, são potenciais transmissores de dengue, zika, chikungunya, febre amarela, malária, leishmaniose e filariose", ressalta o pesquisador.

A recomendação é o uso de repelente, roupas compridas, mosquiteiros ou telas.

Contar com a sorte não é uma boa saída, já que todos estão sujeitos a picadas de insetos infectados ou não.

"É claro que existem pessoas que atraem mais os insetos do que outras. Mas isso não tem nada a ver com o sangue e, sim, com a composição das moléculas, influenciadas também pelos hormônios, que formam os odores do suor e do chulé", aponta o pesquisador.

Segundo ele, as roupas mais escuras também atraem mais os mosquitos.