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RJ apura nova suspeita de morte por febre amarela e teme chegada à capital

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio*

13/01/2018 14h38Atualizada em 13/01/2018 22h44

Um homem de 65 anos morreu com suspeita de febre amarela em Valença, no interior do Rio de Janeiro. A conclusão vai depender de exames de laboratório que estão sendo feitos, informou ao UOL neste sábado (13) o secretário de Estado de Saúde do Rio, Luiz Antonio de Souza Teixeira Jr.

Se confirmada, será a segunda morte por febre amarela no Estado em 2018. A primeira foi confirmada ontem, em Teresópolis, região serrana do Rio. Outro caso da doença já foi confirmado em Valença --o paciente permanece sob cuidados médicos. 

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A secretaria não confirma oficialmente o número de casos suspeitos no Estado, mas há o receio de que o vírus se espalhe por outras regiões e pela capital fluminense.

"Estou sempre preocupado, queremos que a população se vacine. Quem é da saúde luta para salvar vidas", disse o secretário, por telefone.

Temos uma preocupação 24 horas por dia em relação à capital e a outras regiões pela circulação viral. Os macacos circulam. Nós somos realistas, e eu trabalho sempre na perspectiva de que o quadro seja mais grave.

Luiz Antonio de Souza Teixeira Jr., secretário de Saúde do RJ

Casos são do tipo silvestre

Os casos registrados até agora são do tipo silvestre, transmitido pelas espécies de mosquito Haemagogus e Sabeths, presentes em áreas de mata, e que também estão infectando macacos. Segundo a pasta, não há registro da forma urbana da doença, transmitida pelo Aedes aegypti, desde 1942 no país.

Uma vez picados, macacos são hospedeiros do vírus, mas os primatas não transmitem a doença para humanos. A transmissão da febre amarela a pessoas só ocorre por meio da picada dos mosquitos. No entanto, quando são constatadas mortes de símios por febre amarela em determinada região, isso significa que o vírus está circulando.

'Rio precisa da colaboração da população'

Hoje, Teixeira Jr. acompanhou uma ação de vacinação na região de Valença. A Defesa Civil e os Bombeiros disponibilizaram carros 4x4 para chegar às propriedades rurais na região --que também compreende outros municípios, como Vassouras e Rio das Flores. "Estamos fazendo a vacinação ativa em áreas rurais e de mata", informou.

O secretário lamentou o óbito já confirmado pela doença. "É uma tristeza absoluta. Estamos fazendo um esforço sobre-humano, discutimos questões tecnicamente com o Ministério da Saúde. Enfrentamos críticas em relação à campanha de vacinação, conseguimos a vacina. Para nós é triste, porque o meu objetivo era ter vacinado toda a população. O Estado do Rio precisa da colaboração da população", afirmou.

A pasta declarou que a vacinação nos municípios de Teresópolis e Valença chegou a mais de 80% da população, e que já disponibilizou doses suficientes para vacinar 100% da população nas duas cidades. O secretário também afirmou que o Estado possui vacinas suficientes para toda a população.

Campanha de vacinação continua

Campanhas de vacinação contra a febre amarela vêm ocorrendo desde 7 de fevereiro do ano passado nas regiões de fronteira com Minas Gerais e Espírito Santo. Houve ampliação para demais cidades do Rio a partir de 4 de julho do mesmo ano.

"Há casos em que toda a família tomou vacina, mas um indivíduo não quis se vacinar. Eu fui muito criticado, mas tenho certeza que tomamos a medida certa", disse Teixeira Jr. "Somos um Estado cercado de mata. Nosso relevo tem uma configuração natural diferenciada, é uma área de risco", continuou.

Quem ainda não se vacinou deve procurar o posto de saúde mais próximo, segundo informou a secretaria. Uma vez vacinado, o cidadão deve esperar dez dias para ter contato com regiões da Mata Atlântica --passeios em cachoeiras e caminhadas devem ser evitados no período de latência da vacina.

13.jan.2018 - Pessoas enfrentam chuva em fila para vacinação contra febre amarela na manhã deste sábado (13), em posto da zona leste de São Paulo - Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo - Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Pessoas enfrentam chuva e fila para vacina contra febre amarela em São Paulo
Imagem: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Filas em três Estados

Apesar de o risco de contágio ser maior, no momento, em áreas rurais e de mata, populações de grandes centros urbanos já demonstram preocupação com o possível avanço da febre amarela.

Neste sábado (13), foram registradas filas extensas em postos de saúde de São Paulo e Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde anunciou que vai enviar imediatamente 1 milhão de doses da vacina contra febre amarela para 53 municípios paulistas, entre eles a capital.

Em Nova Lima (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, moradores também buscaram a vacina depois da confirmação, esta semana, da terceira morte pela doença na cidade.

*Com Bernardo Barbosa, do UOL em São Paulo

 

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