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135 pessoas estão na fila por uma vaga em UTI no Rio

Giovanni Bello/Folhapress
Imagem: Giovanni Bello/Folhapress

Igor Mello

Do UOL, no Rio

02/05/2019 09h56

A rede de saúde pública do Rio vive uma situação crítica no atendimento de emergências. Dados enviados pela Secretaria de Estado de Saúde à DPU (Defensoria Pública da União) mostram que, em abril, 135 pessoas estavam na fila por uma vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no estado. A DPU estima que a falta de vagas cause seis mortes por dia.

Segundo os dados da Superintendência de Regulação da secretaria, a fila de espera é de 97 pacientes para leitos de UTI convencionais para adultos, e 25 para unidades coronarianas no dia 18 de abril. Uma pessoa aguardava atendimento para queimados. Havia ainda quatro recém-nascidos esperando por atendimento em UTI neonatal e oito crianças no aguardo de UTI pediátrica. Os dados são referentes a todo o sistema público de saúde e inclui unidades controladas pelo estado, municípios e União.

Déficit de vagas

A fila de espera é causada pela falta de vagas em diversas áreas do estado. A situação é mais grave na região metropolitana do Rio, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas. No Grande Rio, faltam 206 leitos em UTI --sendo 168 para adultos e 38 para atendimento pediátrico.

A cidade do Rio dispõe de 346 vagas de UTI, quando seriam necessárias 404, segundo a Superintendência de Regulação. Não faltam vagas para atendimento pediátrico.

Em outras cidades do estado a carência de vagas é ainda mais grave. Em Niterói, há apenas quatro vagas de UTI disponíveis, quando seriam necessários 34 leitos. Já em Duque de Caxias deveria haver 59 leitos, mas só 30 estão em funcionamento.

Defensoria quer ação coletiva

Por conta dos problemas constatados, o defensor regional de Direitos Humanos da DPU Daniel Macedo decidiu abrir um procedimento preparatório para uma ação coletiva contra o estado do Rio e a União.

O objetivo é obrigar os governos estadual e federal a tomarem providências para ampliar o número de vagas em UTI, além de obter uma indenização por dano moral coletivo.

"Não estamos falando de pacientes que aguardam para uma cirurgia eletiva de maior ou menor complexidade, mas daqueles que estão infartados, com graves problemas respiratórios, politraumatizados, com problemas cardíacos ou que sofreram acidente vascular e que, pela falta de leito em UTI, esperam por dias, agonizando em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou em uma emergência", disse Macedo.

"São pacientes graves, crônicos e/ou paliativos, que precisam de monitoramento e estrutura de pessoal dedicada para conseguir a manutenção da vida com dignidade", afirmou.

A Secretaria de Estado de Saúde afirmou em nota que "vem fortalecendo as regulações regionais com o objetivo de dar mais agilidade nas transferências e evitar grande deslocamento para os pacientes. Hoje, a SES conta com 2.973 leitos entre os contratualizados e da rede própria".

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na reportagem, dados enviados pela Secretaria de Estado de Saúde à DPU (Defensoria Pública da União) mostram que, em abril, 135 pessoas estavam na fila por uma vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Rio. O texto foi corrigido.