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Economista se explica após texto sobre venda de órgãos "bombar" na web

O economista e filósofo Joel Pinheiro - Eduardo Knapp/Folhapress
O economista e filósofo Joel Pinheiro Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/01/2020 14h34

Convidado de hoje do programa Morning Show, da rádio Jovem Pan, o economista e filósofo Joel Pinheiro explicou a polêmica que repercutiu nas redes sociais ontem. O tema 'Venda de órgãos' e 'Joel' estiveram entre os assuntos mais comentados após a web recordar um texto escrito por Joel em 2015, em que defendia a compra e venda de órgãos.

A prática é considerada crime no Brasil, de acordo com a Lei 9.434/1997, sob pena de reclusão de três a oito anos.

O texto, entre outros pontos, dizia: "Com o comércio legal de órgãos, teríamos mais doadores. Há uma demanda consistentemente maior do que a oferta, que é mantida artificialmente baixa, graças à política do preço zero. Permita que os preços subam, que doadores sejam recompensados pelo valor que ofertam e mais vidas serão salvas".

Após surgir nos Trending Topics do Twitter, o economista afirmou que estava discutindo contra a antiga publicação, quando o tema se tornou um grande debate na rede social.

"Eu estava justamente argumentando contra, mas estava recuperando um pouco desses argumentos a favor que, eu acho que tem alguma força. Há um tabu ou medo de olhar para a questão e as pessoas não consideram. Mas o fato de eu ter considerado os argumentos já bastou para gerar essa polêmica toda. Hoje em dia eu sou contra", declarou.

Questionado se o antigo pensamento não seria uma falta de sensibilidade com o humano que teria uma condição de vida pobre ou miserável e assim facilmente convencido de vender um órgão e sofrer sequelas permanentes, Joel acredita que houve inocência em sua colocação.

"Eu não chamaria de falta de sensibilidade social, mas acho que tem uma certa ingenuidade com relação à escolha humana de achar que se a pessoa está querendo uma coisa, aquilo vai ser o melhor para ela. E hoje em dia eu não penso mais assim. As pessoas podem estar equivocadas e tomarem decisões muito destrutivas para a vida delas. Vejam como as pessoas se endividam com empréstimo, achando que vão melhorar de vida e depois estão por anos presas naquela situação, sem conseguir pagar. O empréstimo é algo que você pode zerar, é reversível. Vender um órgão não", afirmou.

O economista ainda disse que não se oporia à questão se houvesse uma estrutura para a compra e venda de órgãos no Brasil.

"Eu até nem seria contra se tivesse um sistema bem estabelecido com psicólogo, assistente social, todo mundo junto. Por exemplo: essa pessoa vai ganhar R$ 20 mil vendendo um rim. Não bebe, tem uma saúde em dia, precisa do dinheiro e pode se beneficiar. Eu pessoalmente não vejo problema moral nenhum da pessoa aceitar fazer essa transação. Na falta de um sistema desses, ela corre um risco enorme de estar em um momento de desespero, de não estar conseguindo se sustentar e vai ganhar um dinheiro agora, mas vai voltar para uma situação de carência depois, só que ainda por cima sem um órgão, vivendo pior, com menos saúde", declarou.