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Ministro confirma caso suspeito de coronavírus em MG

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

28/01/2020 10h48Atualizada em 28/01/2020 15h32

Resumo da notícia

  • Ministro da Saúde diz que paciente internada em MG está com suspeita de coronavírus
  • Mandetta afirma que 127 casos foram analisados no Brasil
  • Paciente voltou de viagem de Wuhan, na China, o epicentro do coronavírus
  • Doença já matou mais de 100 pessoas na China e mais de 13 países já confirmaram casos

O Ministério da Saúde informou hoje que já analisou mais de 7.000 rumores de brasileiros infectados pelo coronavírus, 127 precisaram de verificação, mas apenas um caso está sob suspeita atualmente: uma brasileira que visitou a China e voltou para Minas Gerais está isolada e passa bem.

"Nós analisamos 7.020 rumores, 127 exigiram a verificação", afirmou o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, em entrevista coletiva na manhã de hoje. Ele confirmou que a brasileira viajou para Wuhan (cidade chinesa epicentro do surto) "até 24 de janeiro".

O estado geral [de saúde da paciente] é bom, está estável, não tem complicação. Ela está em isolamento e os contatos mais próximos estão sendo acompanhados
Henrique Mandetta, ministro da Saúde

O ministro não divulgou detalhes sobre a paciente, como seu nome, "em respeito à sua privacidade".

Mandetta também informou que elevou a classificação de risco do Brasil para o nível 2, de "perigo iminente". A mudança é parte de um protocolo de escala que vai de 1 a 3, este só ativado após a confirmação de casos transmitidos em território nacional.

O ministro aproveitou para recomendar "viagem à China só em caso de necessidade". "Evite viagens de turismo", disse. "Nós estamos desaconselhando, não proibindo", afirmou.

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Resultado pode sair na sexta

"Toda a família [da paciente suspeita] está ótima", garantiu o ministro, que prevê para sexta-feira (31) a confirmação sobre a contaminação da brasileira. Ele explicou que os pesquisadores aplicaram o método "metagenômico", que "olha o vírus, verifica os genes e vê se encaixa com o novo vírus". "[Espero que] até sexta-feira a gente consiga confirmar."

"Nós não temos nenhum caso sustentado de circulação no Brasil. Os dois mais graves eram vírus de resfriados", disse Mandetta. "Nesse caso, aguardamos a confirmação."

De acordo com a Secretaria de Saúde Minas, a paciente foi transferida na noite de ontem para o HEM (Hospital Eduardo de Menezes), referência estadual para o atendimento de doenças infectocontagiosas.

"Para esses casos é necessária resposta rápida e qualificada, com isolamento em área específica e monitoramento clínico cuidadoso e de resultados de exames", afirmou a pasta por meio de nota.

"A amostra da paciente já foi recolhida e alguns exames serão realizados na Funed (Infuenza A e B, Adenovírus, Bocavírus, metapneumovírus, parainfluenza 1, parainfluenza 2, parainfluenza 3 e vírus sincicial respiratório)."

Os demais exames, incluindo o específico para Coronavírus, serão realizados na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Monitoramento

O governo também está em contato com os familiares da paciente brasileira. "É por telefone, WhatsApp, fazemos visita. Se tiver elevação de temperatura, coriza, infecção respiratória, nós orientamos."

Sobre os brasileiros na China, o ministro afirmou que não "tem plano de retirada deles da China". "O eventual tratamento é igual [em todo o mundo]."

Uma família com três membros —mulher, marido e filha de dez anos— está isolada nas Filipinas depois de ter visitado Wuhan e apresentado alguns sinais da doença.

"A pessoa tem que ficar onde ela está. Não é orientado remoção mesmo porque você não tem um tratamento específico definido para essa infecção, esse vírus. Mas é uma situação de atipia, que a gente fica acompanhando, mas me parece que está sendo bem monitorada", explicou Mandetta.

Ações do governo e Carnaval

O Ministério da Saúde prometeu "uma reunião de secretários de saúde de capitais" para que cada região refaça seus protocolos e informe sobre eventuais necessidades regionais "para fazer o enfrentamento".

Ele garante que o sistema de saúde brasileiro está preparado para a doença porque "já lidou com a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e outras doenças". "Temos um centro que monitora na vigilância de saúde e fica em período integral com uma cadeia de comando onde participam outras esferas de governo", disse Mandetta.

"É um quadro com muitas perguntas sem respostas claras: o tempo de transmissão, incubação, sustentabilidade, potencial de letalidade", disse o ministro, que espera respostas para o comportamento do vírus sobre gestantes, crianças, idosos e doentes.

Questionado, Mandetta afirmou que não há "nada específico sobre o Carnaval". Ele garantiu que portos e aeroportos serão monitorados e recomendou "lavar as mãos e evitar compartilhar objetos, como copo e talheres".

Ministro falou com Bolsonaro

De volta ao país após missão oficial na Índia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou em contato com o ministro para falar sobre a situação. Segundo Mandetta, o presidente solicitou que o ministério mantenha a população bem informada.

O número de mortos pelo coronavírus subiu para 106 na China e há mais de 4.500 pessoas infectadas, o que levou vários países como Estados Unidos, França e Japão a se mobilizarem para retirar seus cidadãos de Wuhan, região que é o epicentro da epidemia.

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