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China é acusada de separar famílias em Wuhan após surto do coronavírus

Jeff Siddle com sua esposa, Sindy, e a filha  Jasmine, de 9 anos - Reprodução/Facebook
Jeff Siddle com sua esposa, Sindy, e a filha Jasmine, de 9 anos Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

29/01/2020 16h04

Famílias que estão em Wuhan, o marco zero do coronavírus, afirmam que podem ser separadas após a China dificultar o plano de evacuação do governo britânico. Um avião sai da cidade chinesa amanhã e as pessoas serão colocadas em observação por duas semanas em uma base militar do Reino Unido.

O professor inglês Jeff Siddle está entre os escolhidos para deixar o país com sua filha Jasmine, de 9 anos, mas será obrigado a deixar sua mulher Sindy para trás.

Pai e filha voaram para a província de Hubei para passar as férias com a família de Sindy, que é chinesa. Mesmo com a sua mulher tendo um visto permanente no Reino Unido, ela não poderá entrar no voo de resgate.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros está falando que [o voo] é apenas para cidadãos britânicos. As autoridades chinesas não estão permitindo que residentes chineses saiam daqui", explicou Siddle em entrevista ao Daily Mail.

"Tive que tomar a decisão de deixar minha esposa aqui na China ou nós três ficamos aqui [em Wuhan]. Temos basicamente que separar uma criança de nove anos da mãe. Quem sabe quanto tempo isso vai durar?", completou.

Natalie Francis, que trabalha como professora de inglês em Wuhan, foi informada que não poderá levar seu filho Jamie, de três anos, porque ele possui um passaporte chinês, mesmo sendo cidadão britânico.

"Hoje de manhã recebi uma ligação às 10h, era um homem do escritório de Londres do ministério dizendo que, enquanto eu posso voltar e que há um lugar para mim [no avião], não há nada que eles possam fazer pelo meu filho. Não vou entrar no avião, porque eu só quero sair com meu filho. Se não puder salvar meu filho, não vou embora", criticou ao Daily Mail.

O Ministério das Relações Exteriores diz que está tentando obter permissão de Pequim para evacuar a mulher de Jeff e o pequeno Jamie, mas até agora os chineses estão de pé e as famílias foram instruídas a não ter esperança.

Os professores Kharn Lambert e Malcolm Lanyon afirmaram ao jornal que desistiram de seus assentos no voo de volta para o Reino Unido. Lambert tem medo de colocar seus familiares em risco e ajudar a espalhar o vírus na Inglaterra, enquanto Lanyon não quer deixar sua esposa chinesa para trás.

Os cidadãos britânicos em Wuhan também enfrentam uma luta para chegar ao seu voo de evacuação com a cidade de Wuhan bloqueada e o transporte público proibido por enquanto. Lanyon afirma que não poderia chegar ao aeroporto, mesmo que quisesse, porque nenhum ônibus, táxi ou trem está circulando.