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'É inadmissível' rede privada não atender coronavírus, diz ministério

João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo do Ministério da Saúde - Frederico Brasil/Futura Press/Estadão Conteúdo
João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo do Ministério da Saúde Imagem: Frederico Brasil/Futura Press/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

do UOL, em Brasília

09/03/2020 19h44Atualizada em 09/03/2020 20h22

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou hoje ser "inadmissível" que hospitais da rede privada recusem atendimento a pacientes com coronavírus ou façam a transferência deles para hospitais públicos com o objetivo de não manter na unidade um caso da doença.

"Não tem porque ele [hospital privado] não atender um paciente que precisa de atendimento intensivo só porque tem coronavírus. Não vamos permitir que isso continue ocorrendo, de os hospitais privados fazerem o primeiro atendimento e transferirem para a unidade pública, não vamos aceitar", disse Gabbardo.

No Ministério da Saúde, o secretário-executivo é o principal assessor do ministro Luiz Henrique Mandetta.

Gabbardo fez a afirmação durante coletiva de imprensa sobre a situação do coronavírus no país, ao ser perguntado sobre o caso da paciente internada em Brasília.

A paciente, uma mulher de 52 anos, foi transferida na última quinta-feira (5) de um hospital privado para o HRAN (Hospital Regional da Asa Norte), referência na rede pública do Distrito Federal para atendimento dos casos de coronavírus.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde disse não conhecer detalhes do caso em Brasília e fazer a afirmação de forma genérica, sobre eventuais situações semelhantes.

"Eu não vou falar sobre o caso específico do Distrito Federal, mas de uma forma genérica. Isso que aconteceu aqui em Brasília é inadmissível, nós não aceitamos, e não vamos concordar que isso possa ser feito. O plano de saúde, o hospital privado que atendeu o paciente, está preparado para atender um paciente grave em UTI", disse Gabbardo.

A paciente internada em Brasília foi o primeiro caso confirmado do coronavírus no Distrito Federal. Ela está em estado grave na UTI do HRAN.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a transferência da paciente foi realizada a pedido do hospital particular onde ela estava internada, sob o argumento de que o HRAN teria melhores condições de oferecer atendimento a esse caso.

Veja a nota: "A Secretaria de Saúde (SES) esclarece que a remoção da paciente confirmada com coronavírus ocorreu a pedido do hospital particular, conforme nota enviada à imprensa pelo estabelecimento de saúde. No documento, o hospital informa que a Secretaria de Saúde reúne condições específicas para o rigoroso tratamento e controle dessa virose dentro de seus protocolos e normas internacionais".

Sobe para 30 o número de casos confirmados

Subiu para 30 o número de casos confirmados da covid-19 no Brasil — o total de casos suspeitos da doença causada pelo novo coronavírus no país passou para 946 (eram 663 suspeitas ontem).

Os cinco novos casos da covid-19 foram registrados no estado do Rio de Janeiro, segundo o último boletim divulgado nesta segunda pela Secretaria de Estado da Saúde — balanço do governo federal divulgado nesta segunda não contabilizou os novos registros no Rio.

Atualmente há casos confirmados em seis estados e no Distrito Federal. Os estados são: Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

Novos critérios para teste da doença

O Ministério da Saúde decidiu alterar os critérios para realizar o teste do coronavírus em pacientes com síndromes gripais.

Em cidades que já têm casos confirmados, serão testados todos os pacientes que deram negativo para outros vírus, independentemente de se o paciente esteve ou não em viagem ao exterior. Além disso, todos os pacientes considerados graves serão submetidos ao teste para o coronavírus.

O objetivo é identificar com maior precisão se há a circulação do vírus no país. Até o momento, foi possível rastrear a origem da transmissão em todos os casos confirmados: viagens ao exterior ou contato com outros pacientes confirmados. Por isso, o Ministério da Saúde considera que o vírus não está em circulação no Brasil.