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Contágio local e agravamento rápido marcam 1ª morte por coronavírus no país

Alex Tajra e Felipe Pereira

DO UOL, em São Paulo

17/03/2020 15h44

A transmissão comunitária do vírus e um agravamento rápido no quadro de saúde são as principais marcas da primeira vítima fatal da covid-19 no Brasil, um homem de 62 anos que morava em São Paulo.

A informação da primeira morte por coronavírus foi dada hoje pelo governo paulista, e detalhes sobre o caso foram repassados pela Secretaria de Estado da Saúde em entrevista coletiva. Segundo as autoridades, há outras quatro mortes sob suspeita de relação com o novo vírus.

Todos foram submetidos a exame de coronavírus e o resultado ainda não foi concluído. A expectativa da Secretaria de Saúde é que o laudo seja finalizado até amanhã (18).

A morte confirmada aconteceu no Hospital Sancta Maggiore, da rede PreventSenior, no Paraíso, na zona sul de São Paulo. As outras quatro mortes suspeitas ocorreram também em unidades da mesma rede hospitalar.

Em nota, a PreventSenior afirmou que a atenção médica prestada ao paciente de 62 que morreu "seguiu rigorosamente todos os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde". Segundo a empresa, o resultado do exame do paciente foi informado na manhã de hoje.

Sintomas

Segundo o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, o médico infectologista David Uip, o homem apresentou sintomas no último dia 10, foi internado em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no dia 14 de março e morreu ontem às 16h. Ele estava no Hospital Sancta Maggiore Paraíso, na zona sul da capital paulista.

As autoridades não revelaram o nome da vítima, mas confirmaram que ele tinha diabetes e hipertensão.

"Trata-se de um homem, morador de São Paulo e internado num hospital privado, também diagnosticado com coronavírus em um laboratório privado. Ele veio a óbito ontem às 16h03. Fomos informados oficialmente hoje às 10h. Existem quatro outros óbitos neste mesmo serviço particular que estão sendo investigados.", afirmou Uip.

Transmissão comunitária

A secretaria de Saúde de SP investigou os últimos passos da primeira vítima do novo coronavírus no Brasil, e verificou que ele não fez nenhuma viagem internacional recente. Dessa forma, seu caso configura como contágio comunitário, ou seja, e significa que ele foi contaminado aqui e que o vírus circula no país.

Vítima era de grupo de risco

O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus disse ainda que o homem que morreu estava encaixado em três grupos de risco: idoso, cardiopata e diabético. Havia ainda um diagnóstico de hiperplasia prostática, um aumento benigno da próstata que não caracteriza doença, mas pode levar a infecção urinária.

Segundo estudos publicados, a letalidade do novo coronavírus é maior entre os idosos, como no caso da primeira morte em território nacional.

Números

Segundo os dados mais recentes da Secretaria de Estado da Saúde, apresentados hoje e ainda não computados no balanço federal, são 164 casos em território paulista.

Por conta da demora na tramitação das informações cadastradas pelos estados na plataforma desenvolvida pelo governo federal, há mais casos no país do que os informados no boletim oficial.

Hoje, o Ministério da Saúde informou que o número de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil subiu para 290. Outros 8.819 são considerados suspeitos, e 1.890 casos foram descartados.

Menor incubação

Com a primeira morte pelo novo coronavírus, as autoridades perceberam que o tempo de incubação da doença pode ser menor do que 14 dias. Inicialmente, o ministério da Saúde estava trabalhando com o período de cerca de duas semanas para o desenvolvimento dos sintomas.

Hoje, David Uip afirmou que vai pedir à pasta para que reduza o período de 14 para 10 dias. Segundo Uip, o tempo de incubação do vírus pode ser de 3 a 8 dias. A redução no tempo de quarentena traz a vantagem de liberar mais rapidamente leitos, equipamentos e profissionais de saúde para tratar de novos casos. Outro ponto positivo é a diminuição do período em que o paciente permanece confinado.