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'Ninguém será prejudicado por não fazer o teste', diz secretário da Saúde

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

19/03/2020 20h07

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou hoje que a restrição dos testes para o novo coronavírus a pacientes graves da doença não vai causar prejuízo à população.

Segundo Gabbardo, como forma de conter o avanço da transmissão do vírus, o Ministério reforçou a recomendação de isolamento, orientando a todas as pessoas com sintomas de gripe que permaneçam em casa, evitando contato social por 14 dias a partir do aparecimento dos sintomas e mesmo que não tenham feito o teste para o coronavírus.

"Ninguém vai ser prejudicado pelo fato de não fazer o teste", disse Gabbardo.

"Para quê que serve o teste? O teste serve para identificar quem tem coronavírus e fazer com que essa pessoa entre no isolamento. Nós já ampliamos isso, nós já estamos recomendando às pessoas que estejam sintomáticas [com sintomas] que elas já façam o isolamento, independentemente do teste", disse o secretário, que é o número dois da pasta, abaixo apenas do ministro Luiz Henrique Mandetta.

A recomendação do governo para locais onde já há a transmissão sustentada do vírus, quando não é possível identificar a origem da infeção, é a de testar apenas pacientes considerados graves, que precisam de internação.

Hoje já há esse tipo de transmissão nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, nos estados de São Paulo e Pernambuco e no sul de Santa Catarina.

Gabbardo disse que o governo estuda a possibilidade de adquirir mais testes, ou exames de outra metodologia, como os testes rápidos, para poder ampliar o número de pacientes submetidos ao exame. Nesse momento, no entanto, a ordem é priorizar os pacientes graves e os testes feitos pela Rede Sentinela do SUS (Sistema Único de Saúde).

"Se houver a possibilidade de nós ampliarmos o número de testes, um teste rápido, que seja mais fácil, nós estamos muito empenhados nisso. À medida que nós tivermos mais testes, ou a incorporação de testes rápidos, nós vamos poder ampliar o número de pessoas que serão testadas", disse Gabbardo.

A Rede Sentinela faz parte do sistema de vigilância epidemiológica brasileiro e já é utilizada para monitorar outras doenças, como os vírus mais comuns da gripe.

Por meio da rede, os testes de laboratório para detecção do vírus são feitos por amostragem entre os pacientes atendidos no sistema de saúde. A ideia é conseguir por meio de uma amostra representativa da população ter uma ideia aproximada, por meio de modelos estatísticos, do número de pessoas que podem estar infectadas com o vírus.

Segundo o secretário do Ministério da Saúde, não há a possibilidade de casos que resultaram em mortes ficarem sem o diagnóstico se o óbito foi consequência do coronavírus. Isso porque, segundo Gabbardo, todos os pacientes em estado grave e internados farão o teste para identificar o coronavírus.

"Então, não existe possibilidade de que nós não tenhamos diagnóstico para os casos graves e para um óbito que tenha acontecido", afirmou Gabbardo.