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Barreiras e barricadas improvisadas mudam rotina na Baixada Fluminense

Por coronavírus, Prefeitura de Magé montou barreiras sanitárias nos acessos à cidade - Caio Blois/UOL
Por coronavírus, Prefeitura de Magé montou barreiras sanitárias nos acessos à cidade Imagem: Caio Blois/UOL

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

24/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Restrições de circulação para a cidade do Rio de Janeiro afetaram os moradores e modificaram a dinâmica dos 13 municípios da Baixada Fluminense
  • Barreiras policiais e barricadas improvisadas foram utilizadas para limitar o fluxo de pessoas e de veículos
  • Um decreto do governador impediu a circulação de transporte intermunicipal de passageiros que ligam a região metropolitana à cidade do Rio

A Baixada Fluminense está muito diferente do habitual em função da pandemia do coronavírus. As restrições de circulação para a capital afetaram os moradores e modificaram a dinâmica dos 13 municípios da região. Barreiras policiais e barricadas improvisadas foram utilizadas para limitar o fluxo de pessoas e de veículos.

Até agora, o estado do Rio de Janeiro tem quatro mortes confirmadas por coronavírus. De acordo com os registros, são 233 casos confirmados da doença. Desse total, 212 estão na capital.

Um decreto do governador Wilson Witzel (PSC) impediu a circulação de transporte intermunicipal de passageiros que ligam a região metropolitana à cidade do Rio de Janeiro. A ideia do governador é isolar a capital. As determinações começaram a valer no sábado (21).

Para isso, barreiras policiais foram montadas em vias expressas que levam a Baixada Fluminense à capital, como a Linha Vermelha, a Via Light e a Via Dutra. Blitzes da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) restringiam o acesso de carros particulares, táxis, vans, motos e até ônibus.

A reportagem do UOL foi abordada por duas vezes, próxima ao Paiol de Pólvora, em Nilópolis, e em Duque de Caxias. Os policiais questionaram a profissão e o motivo da presença nas ruas, "barrando" poucos carros, que já tinham trânsito reduzido.

Por coronavírus, PM fez barreiras nas vias que levam a Região Metropolitana à capital - Reprodução/PMERJ - Reprodução/PMERJ
Imagem: Reprodução/PMERJ

Além disso, barreiras improvisadas, as "barricadas", foram vistas em Imbariê e Vila Sarapuí, em Caxias. Pedaços de ferro, caixas de madeira, blocos de concreto, pneus e outros objetos impediam a entrada de carros nos dois locais. A prática é bastante utilizada pelo tráfico.

O UOL observou o "reforço" em barricadas já existentes. Moradores solicitaram, entretanto, que a reportagem não fizesse imagens do local.

Em Guapimirim e Magé, mais distantes da capital, havia também a restrição de circulação nos próprios municípios. Barreiras sanitárias foram montadas nas entradas e saídas das duas cidades, tanto na Rio-Teresópolis como no Arco Metropolitano e na Estrada do Imperador.

Era permitida apenas a circulação de carros com placas do município. Só era possível acessar ambas as cidades com comprovantes de residência. A ideia das duas cidades, além de Teresópolis, na Região Serrana, era a de criar um cinturão para isolar a região do coronavírus.

Magé restringiu circulação de carros na cidade por conta do coronavírus - Caio Blois/UOL - Caio Blois/UOL
Imagem: Caio Blois/UOL

Cidades mais vazias, mas comércio ainda aberto

No primeiro dia útil das medidas, as decisões, que incluíam restrições também aos trens da SuperVia, geraram aglomerações em estações ferroviárias pela manhã. À tarde, as oito cidades da Baixada percorridas pelo UOL estavam vazias, com exceção de São João de Meriti, onde feiras livres, agências bancárias e pontos de ônibus aglomeravam muitas pessoas.

Nos dois maiores municípios da Baixada Fluminense, o cenário era de um dia de fim de semana. A "luta" contra a covid-19, doença causada pelo vírus, mobilizou a população da região.

Em Duque de Caxias, algumas lojas de roupas, móveis, óticas e outros serviços não essenciais permaneceram abertos, mas o fluxo de pessoas era bem menor. Muitos idosos, porém, caminhavam pelas ruas. Ao fim do dia, Caxias registrou seu primeiro caso de coronavírus. Com recursos do estado, a prefeitura do município comprou um hospital privado para abrir novos leitos por conta da pandemia.

O centro da cidade registrava forte presença da PM, que reforçava recomendações de saúde para os transeuntes e impedia aglomerações na Praça Raul Cortez, popularmente conhecida como Praça do Pacificador.

Praça do Pacificador, em Duque de Caxias, vazia por conta do coronavírus - Caio Blois/UOL - Caio Blois/UOL
Imagem: Caio Blois/UOL

Depois de registrar confusões no início do dia, quando moradores rumavam à capital para trabalhar, Nova Iguaçu viveu em clima de "cidade-fantasma". Pouquíssimas pessoas transitavam pelo comumente movimentado centro da cidade.

Próxima ao Calçadão de Nova Iguaçu, a Praça da Liberdade registrava, entretanto, idosos aglomerados jogando cartas, o que se repetiu em outros largos e ruas. O comércio estava fechado, seguindo recomendação da Prefeitura, que decretou a interrupção de várias atividades, mantendo apenas serviços essenciais.

Idosos jogam cartas na Praça da Liberdade apesar do coronavírus - Caio Blois/UOL - Caio Blois/UOL
Imagem: Caio Blois/UOL

Cidades como Nilópolis e Mesquita suspenderam feiras livres, ambulantes, camelôs e o comércio nas vias principais. Ambas tinham pouquíssima movimentação nas ruas, com pequenas aglomerações para serviços essenciais como agências bancárias, mercados, sacolões e padarias. Funcionários das duas prefeituras higienizavam as ruas e fachadas comerciais durante toda a tarde.

Por coronavírus, Belford Roxo tinha ruas muito mais vazias que em um dia normal - Caio Blois/UOL - Caio Blois/UOL
Imagem: Caio Blois/UOL

Em Belford Roxo, ambulantes trabalhavam normalmente no centro da cidade mesmo com a presença ostensiva da PM. O comércio funcionava para além dos serviços essenciais, mas poucas pessoas eram vistas nas ruas. Algumas aglomerações foram vistas em praças, pontos de ônibus e agências bancárias.

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