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Doria critica Bolsonaro e alerta sobre coronavírus: 'Pior ainda não chegou'

Do UOL, em São Paulo

25/03/2020 08h17

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro tentou reduzir as preocupações com o coronavírus e atacou governadores, João Doria, que comanda a gestão do estado de São Paulo, afirmou que considera que o pior da crise da pandemia ainda está por vir. Doria ainda afirmou que prevê perdas de R$ 10 bilhões ao estado.

Em entrevista ao jornal O Globo, ele disse: "A verdade é que o pior da crise ainda não chegou. Essa é a verdade que não se pode esconder. Temos que estar preparados para ela".

Sobre Bolsonaro, ele afirmou que vê a fase do presidente com tranquilidade, afirmou que não iniciou "ataques, apenas respondi ao que recebi". Mas criticou o contato com os governadores. "Temos que defender o Brasil e para isso devemos estar unidos. O presidente Jair Bolsonaro não fala com os governadores há 15 meses. Creio que ele governará melhor e alcançará mais capilaridade se colocar os governadores a seu lado na gestão."

O governador afirmou que não tem tomado medidas no "impulso". "Administramos pressões de todos os lados, para fazer a coisa certa. São Paulo não fechou estrada, não propôs fechamento de aeroportos, portos, nem fábricas, por entender que estão movimentando a economia. A OMS recomenda testar agressivamente, rastrear e isolar o maior número possível de casos. Isso é recente. Não era essa a posição da OMS há três semanas. Eles também foram evoluindo em suas orientações e houve uma mudança. A partir dela, determinamos o aumento e hoje já são dois mil testes por dia na rede pública".

Economia

Questionado sobre as perdas econômicas, Doria estimou "uma perda de R$ 10 bilhões na economia do estado de São Paulo até 30 de julho, em 120 dias". O governador disse ter liberado R$ 500 milhões pela Desenvolve SP e pelo Banco do Povo, para microempresários.

Para depois da crise sanitária, ele prevê "forte ativação da construção civil, aumento de exportações do agro e agilização do programa de desestatização".

Doria ainda opinou sobre o artigo da medida provisória que poderia deixar trabalhadores por quatro meses sem salários.

"Do ponto de vista de seu enunciado, a medida não é incorreta. Qual era: vamos criar situações que evitem o desemprego. Mas elas precisam estar respaldadas por medidas que garantam renda mínima ao trabalhador no período em que ele não estiver trabalhando e continuar com vínculo com a empresa. Um mecanismo seria pagar 50% do salário neste período", disse Doria.

"Sei que isso é difícil, mas entre o desemprego e ter a metade do salário durante quatro meses, é melhor que seja feito este esforço", acrescentou.