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Ministério da Saúde defende cultos virtuais após Bolsonaro abrir templos

26.mar.2020 - Mesmo de portas abertas, igrejas seguem sem cultos e atraem poucos fiéis. A atendente de supermercado Celma Miranda, que leva álcool em gel na bolsa, deixa templo após oração - Herculano Barreto Filho/UOL
26.mar.2020 - Mesmo de portas abertas, igrejas seguem sem cultos e atraem poucos fiéis. A atendente de supermercado Celma Miranda, que leva álcool em gel na bolsa, deixa templo após oração Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

26/03/2020 19h59

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou hoje que a recomendação da pasta para os eventos religiosos não se alterou e permanece a mesma: não há a necessidade de fechamento dos templos, mas não é recomendada a realização de eventos religiosos que promovam a aglomeração de pessoas, como missas e cultos presenciais.

Para isso, ele defendeu a realização de missas e cultos pela internet, com o auxílio das redes sociais.

Segundo Gabbardo, a orientação técnica do Ministério não mudou com o decreto publicado hoje pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para garantir a abertura dos templos contra eventuais restrições dos governos locais.

Em decreto publicado hoje, o presidente ampliou a lista de serviços considerados essenciais e incluiu templos religiosos e lotéricas. Dessa forma, esses locais poderão funcionar apesar de restrições impostas por governos estaduais e municipais para conter a proliferação do novo coronavírus no país.

"Nossa orientação continua a mesma, o ministro já disse isso duas ou três vezes. Nós não recomendamos o fechamento das igrejas, o que nós recomendamos sim é que não se faça aglomeração", disse Gabbardo.

"O que nós estamos recomendando é que os padres, os pastores, façam seus cultos, as suas missas de preferência usando as redes sociais, usando internet, sem a presença física", afirmou.

Segundo o secretário, não há problema em frequentar os templos religiosos desde que isso seja feito sem a presença de um grande número de pessoas no local. "Quem sentir necessidade, que faz bem para ele ir lá rezar, individualmente, deve continuar [indo]. Essa é a orientação do Ministério da Saúde", disse Gabbardo.

O decreto publicado hoje atualizou o do dia 20 de março, em que o presidente estabeleceu regras "sobre o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais". Os templos e as lotéricas não constavam naquela relação.

A decisão de Bolsonaro tem validade imediata e não precisa de aprovação do Congresso Nacional. Ela ocorre em meio à polêmica causada pelo presidente ao minimizar a doença, classificando-a como uma "gripezinha" e pedindo que as pessoas voltem a circular, algo criticado por médicos, especialistas e lideranças mundiais.