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Pandemia faz SP adaptar concurso e convocar médicos residentes por WhatsApp

Chamamento de médicos precisou ser modificado para evitar aglomeração de pessoas - BSIP/Universal Images Group via Getty Images
Chamamento de médicos precisou ser modificado para evitar aglomeração de pessoas Imagem: BSIP/Universal Images Group via Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

28/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Terceira etapa de seleção será feita hoje em uma alternativa para tentar evitar o cancelamento de cerca de cem vagas
  • Médicos residentes precisam estar matriculados até o dia 31, segundo determinação do Ministério da Educação
  • Secretaria da Saúde de SP teve pedido de adiamento do prazo rejeitado pelo governo federal
  • Opção pelo Whatsapp se deu pela agilidade, diz a pasta paulista
  • Médicos mais bem colocados de cada área escolherão instituição onde fará residência

Os riscos de contaminação pelo novo coronavírus, causador da covid-19, fizeram a Secretaria de Saúde de São Paulo adaptar o concurso deste ano para médicos residentes no SUS (Sistema Único de Saúde) do estado. A terceira etapa de seleção será feita hoje, via WhatsApp, em uma alternativa para tentar evitar o cancelamento de cerca de cem vagas.

Trata-se da fase final do concurso, que tenta ocupar as últimas das 1.740 vagas disponíveis. Originalmente esta etapa seria realizada como em anos anteriores: presencialmente, para os candidatos optarem pelas clínicas ou hospitais em que fariam a residência. Este formato foi descartado pois resultaria em aglomeração de pessoas, o que está proibido por um decreto estadual em reação à pandemia de covid-19.

"Com esta crise, a secretaria teve dificuldade no chamamento dos candidatos", afirma o Dr. Luiz Koiti Kimura, presidente da Comissão Estadual de Residência Médica de São Paulo (Cerem-SP). "Há a própria dificuldade de deslocamento. Muitos candidatos são de outras cidades ou estados, e teriam dificuldade para chegar em São Paulo, que é o foco de contaminação pelo covid-19", explica.

A opção pelo WhastApp se deu pela agilidade. Os candidatos serão divididos em grupos de conversa de acordo com a área em que pretendem atuar: os mais bem colocados para clínica estarão em um grupo, os de cirurgia em um outro, e assim por diante. Aí o primeiro colocado de cada área escolhe a instituição onde fará sua residência, então é a vez dos próximos, até que as vagas estejam esgotadas. Uma vez distribuídos, os aprovados terão apenas três dias para ir ao local escolhido e concluir a matrícula.

Os médicos residentes precisam estar matriculados até terça-feira (31). Segundo uma determinação de 2017 do Ministério da Educação, as vagas que não estiverem preenchidas neste prazo são automaticamente canceladas. A Secretaria de Saúde de São Paulo afirma ter tentado no governo federal o adiamento desta data-limite e não ter sido atendida.

"Nós pedimos para adiar para o final de abril, mas eles se negaram, disseram que era um problema só de São Paulo, que ninguém mais tinha tido este problema", afirma Irene Abramovich, responsável pelo concurso de residências médicas e também presidente do Cerem-SP. "Nem todo estado tem esse problema porque ninguém faz o que nós fazemos: uma seleção para 50 instituições. Se a lista fosse para um lugar só, bastava fazer pelo telefone. Mas não é o caso, é mais complexo", afirma.

Para os médicos já aprovados, a residência começou no dia 1º de março, mas ainda há vagas em disputa porque a seleção se dá por chamadas, em formato semelhante a um vestibular. Assim, os aprovados que desistem de ocupar seus postos abrem oportunidade para quem ficou mais atrás na classificação. Por isso ainda há cerca de cem vagas sem dono.

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Por meio de nota, a Secretaria de Saúde de São Paulo afirmou que a seleção pública foi adaptada "por motivos de segurança, devido a circulação do covid-19". A pasta confirma que solicitou a prorrogação do prazo à Comissão Nacional de Residência Médica, vinculada ao Ministério da Educação, mas "recebeu negativa sobre a possibilidade".

Questionado, o Ministério da Educação limitou-se a reforçar que o prazo termina na terça-feira (31) e não esclareceu os motivos de não atender o pedido de adiamento em São Paulo.