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Voluntários no Recife montam 'fábrica' de jalecos em TNT para suprir faltas

Voluntários em Pernambuco confeccionam jalecos impermeáveis feitos com TNT para profissionais de saúde sem EPI - Arquivo pessoal
Voluntários em Pernambuco confeccionam jalecos impermeáveis feitos com TNT para profissionais de saúde sem EPI Imagem: Arquivo pessoal

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

30/03/2020 04h01

Em Pernambuco, um grupo de voluntários montou uma pequena linha de produção para confeccionar jalecos impermeáveis com TNT (material semelhante a tecido, de aspecto emborrachado).

As peças são distribuídas para profissionais de saúde que já enfrentam falta de EPIs (equipamentos de proteção individual) para atendimentos de casos suspeitos de covid-19.

A fábrica foi montada em uma escola da periferia do Recife, que cedeu o espaço.

"Têm alguns EPIs que normalmente faltam, só que em uma situação comum a gente não usa tanto. Um exemplo deles é esse capote impermeável, que é uma bata, um jaleco, só que impermeável", diz Wagner Cordeiro, enfermeiro que atua em duas unidades de saúde do Recife e um dos idealizadores da iniciativa.

A fábrica foi montada em uma escola da periferia do Recife - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A fábrica foi montada em uma escola da periferia do Recife
Imagem: Arquivo pessoal

Segundo ele, a falta de equipamentos é constante na rede pública de saúde, e deve ser um dos desafios dos profissionais nesse momento.

Aprendendo a fazer os jalecos

Os trabalhos começaram com pesquisas de como fazer esse material.

"Daí começamos uma campanha com os amigos e arrecadamos dinheiro. Fomos atrás de lugar pra comprar uma TNT e conseguimos alguns fornecedores que foram entregar. O colégio Desafio, no bairro da Várzea, cedeu sua área para gente pra gente se revezar e fazer os cortes desse TNT", explica Wagner, citando que antes de entregar cada jaleco é lavado.

O grupo conta hoje 3.000 metros de TNT, suficientes para produzir 1.500 jalecos impermeáveis. A ideia é não parar de crescer a produção.

"A gente está com voluntários da saúde e de outras áreas cortando o TNT, e com várias costureiras que se disponibilizaram. São, principalmente, pessoas idosas. Temos também técnicas de enfermagem e enfermeiros que não podem trabalhar por terem outras doenças, e aí eles estão costurando. Recebemos doações inclusive de pessoas da Dinamarca e da Venezuela", diz.

Para continuar com a produção, eles lançaram uma campanha nas redes sociais para arrecadar mais TNT ou dinheiro para comprar o material.

"Esse material não vai ser destinado a nenhum hospital específico. A nossa ideia é verificar, dia a dia, onde está faltando entre os profissionais que estão de plantão e vamos lá disponibilizar. A gente espera que essa ideia prospere, e as pessoas vão doando, construindo e disponibilizando para o pessoal", diz.