Topo

Esse conteúdo é antigo

RJ tem quase 2.000 profissionais de saúde da rede pública afastados

Alex Sandro de Carvalho morre vítima da covid-19 no Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook
Alex Sandro de Carvalho morre vítima da covid-19 no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

22/04/2020 13h14Atualizada em 22/04/2020 13h44

Resumo da notícia

  • Rio de Janeiro tem quase 2.000 profissionais de saúde afastados apenas na rede pública
  • Na última semana, ao menos quatro profissionais morreram em decorrência da covid-19
  • Governo e Prefeitura do Rio de Janeiro não têm números de mortos na área

O Rio de Janeiro já tem mais de 1.800 profissionais da saúde da rede pública afastados por causa do coronavírus. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, atualmente 1.043 estão afastados do trabalho - o número representa 5,4% dos profissionais que atuam nas emergências e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) estaduais. Já no município, outros 800 profissionais também não estão mais trabalhando.

Entre as unidades da rede estadual, o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na zona norte do Rio, possui o maior número de funcionários atingidos: 186. Na sequência aparecem: Hospital Alberto Torres (165), em São Gonçalo, na região metropolitana; Carlos Chagas (139), em Marechal Hermes, na zona norte da capital; Azevedo Lima (97), em Niterói, na região metropolitana; Adão Pereira Nunes (87), em Caxias, na Baixada; Roberto Chabo (25), na região dos Lagos do Rio; além de 344 profissionais que atendem nas 30 UPAs estaduais.

Já na rede municipal de Saúde, os 800 profissionais afastados em virtude da doença integram hospitais do município, UPAs, CERs (Coordenação de Emergência Regional) e estabelecimentos de atenção. A pasta informou que os números serão atualizados ainda nesta semana, o que pode indicar mais funcionários fora dos seus postos.

Enfermeiros e técnicos estão entre mortos

Uma das mortes recentes que tiveram diagnóstico confirmado da covid-19 foi do técnico de enfermagem e agente comunitário Alex Sandro de Carvalho, 39, que não apresentava comorbidades. De acordo com amigos, ele trabalhou por 17 anos como agente de saúde.

Uma amiga prestou uma homenagem a Alex Sandro nas redes sociais. "Quando os números se tornam rostos conhecidos é que a ficha começa a cair...Hoje sentimos a perda do nosso agente comunitário e técnico de enfermagem Alex, foram dias de angústia e tentando fazer o possível e o impossível pelo nosso amigo! Vá em paz e cuide de nós amigo, com certeza hoje o céu recebe um anjo!!!! Não somos heróis, somos humanos!!! Alex também pediu para que você ficasse em casa por nós", publicou Amarílis Bravo.

De acordo com amigos, Alex Sandro era um homem simples, que começou trabalhando na área responsável por higienização de unidades de saúde e que se dedicou aos estudos e se tornou um profissional da área.

A Confederação Nacional de agentes comunitários lamentou a morte de Alex Sandro e disse que solidariza com parentes e amigos do profissional.

Outra vítima fatal do coronavírus foi o técnico de enfermagem Jorge Luiz de Lima, que era diabético e hipertenso. Jorge trabalhava como técnico de enfermagem há 13 anos, e era funcionário do Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, na zona sul do Rio.

Fanático pela Portela

Na segunda-feira (20), o enfermeiro Evandro Barbosa, 55, também entrou para a triste estatística. Ele trabalhava do Hospital Getúlio Vargas, recordista de casos de profissionais da saúde afastados, e atuava na linha de frente da unidade.

Evandro era apaixonado por Carnaval e principalmente pela Portela - tradicional escola de samba que desfila no Grupo Especial do Rio. Ele teve passagens pela ala de passistas, pela tradicional ala coreografada Sambart e também desfilou como integrante de carro alegórico. Em 2020, Evandro marcou presença em uma das alas de comunidade da escola. O enfermeiro não apresentava comorbidades.

Na última quinta-feira (16), outra técnica de enfermagem morreu em decorrência da doença. Anita de Sousa Viana trabalhava no Hospital Ronaldo Gazolla - referência do tratamento da doença no Rio. Apesar de trabalhar na unidade, a profissional só conseguiu atendimento da UPA de Bangu, na zona oeste, de onde foi transferida para o Hospital Zild Arns, em Volta Redonda, já em estado grave.

Procurados pelo UOL, o governo do estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro não informaram o número de óbitos registrado entre os profissionais.